BC vai lançar Pix Automático para contas como academia, condomínio e assinatura de streaming
Nova funcionalidade estará disponível em instituições financeiras a partir do próximo dia 16

O Banco Central (BC) fará um evento de lançamento do Pix Automático nesta quarta-feira, em São Paulo. O evento contará com a presença do presidente do BC, Gabriel Galípolo, entre outros diretores. A chegada da funcionalidade nas instituições financeiras, no entanto, acontece só em 16 de junho. A operação do Pix Automático promete simplificar a forma como são feitos os pagamentos de contas recorrentes, como telefone, assinatura de streaming, mensalidade de academia e condomínios, por exemplo.
O BC explica que com o Pix Automático os pagamentos recorrentes de luz, água, condomínio, escola, academia, serviços por assinatura podem ser feitos dando uma autorização prévia pelo app da conta, sem precisar autorizar cada pagamento.
O usuário pode escolher receber ou não notificações no agendamento (para conferir se o valor está correto, se terá saldo suficiente e quando o pagamento é efetivado) e desabilitar o uso de linha de crédito pré-aprovada, como o cheque especial.
Entenda como funciona
Quem recebe o pagamento do Pix Automático é sempre uma conta de pessoa jurídica (PJ).
O valor pode ser fixo ou variável. É possível delimitar um valor máximo a ser gasto com aquela conta. Ao mesmo tempo, a empresa que recebe o pagamento também pode definir um valor. Uma academia, por exemplo, pode estabelecer o valor mínimo de R$ 50 se esse for o seu plano mais barato.
É possível usar o Pix Automático para pagamentos com vencimentos semanal, mensal, trimestral, semestral ou anual. Não há prazo máximo e nem um número máximo de agendamentos previstos.
Por padrão, a cobrança é agendada entre dois a dez dias antes da data de vencimento.
Duas tentativas de cobrança são feitas no dia do vencimento. Caso não haja saldo na conta, três novas tentativas posteriores serão feitas, conforme regras definida pelo Banco Central. Se o pagamento ocorrer com atraso, os juros e multas são cobrados no pagamento seguinte.
Testes em andamento
Para que entre em operação no dia 16 sem maiores dificuldades por toda a base de clientes, uma série de testes foi estabelecida pelo Banco Central. Os testes começaram em 28 de fevereiro e serão feitos até a próxima sexta-feira, dia 6.
O BC diz que estão sendo avaliados aspectos como a conectividade entre as instituições, a implementação técnica das APIs (interfaces de programação), o atendimento a requisitos de experiência do cliente (UX), entre outros.
“Os testes estão evoluindo conforme as expectativas. Por serem testes bilaterais (entre as instituições participantes) e em produção, essa etapa é de grande importância para ajustes e coleta de insumos, com vistas a garantir que o serviço seja prestado aos clientes com qualidade adequada”, diz o BC.
Além dos testes, algumas instituições usaram esse tempo para ganhar a atenção dos usuários.
E para empresas?
O Itaú, por exemplo, já oferta uma solução com experiência similar à do Pix Automático para clientes Itaú (empresas e pessoa física). Quando a funcionalidade chegar oficialmente no dia 16, os clientes pessoa física terão prazo maior do que os 10 dias exigidos pelo Banco Central para fazer os agendamentos, sem uma quantidade limite.
Já para as empresas que recebem o pagamento, o banco desenvolveu APIs customizadas com o objetivo de tornar mais fácil as jornadas de adesão, agendamento e conciliação e criou um hub de recebimento, que centralizará em uma única tela pagamentos automáticos e que utilizam diferentes trilhos de cobrança (Pix, cartão de crédito, boleto).
Diferente da CPMF: Afinal, o que é o IOF, cerne da crise do governo com o Congresso?
— Com base em histórico de dados e no conhecimento adquirido a partir da solução que oferecemos, temos hoje uma visão clara sobre os desafios enfrentados pelas empresas, principalmente quando falamos em adimplência, engajamento, fidelização e eficiência. Nestes últimos meses identificamos pontos de fricção e de melhora no controle e experiência do usuário final — afirma Angelo Russomanno, diretor de Pagamentos para Pessoa Jurídica do Itaú Unibanco.
Ele acrescenta que há atenção às empresas:
— Independentemente do segmento, temos ajudado as empresas a entender quais clientes têm mais propensão a aderir ao Pix Automático.
A expectativa é que o Pix Automático seja usado por empresas de consumo, o que inclui companhias de telefonia, água, gás e energia elétrica; assinaturas de serviços, como as empresas de pedágio e streaming; do setor financeiro, com produtos como empréstimos, consórcio e seguros; os negócios que emitem mensalidades, que englobam as academias, escolas, estacionamentos e aluguéis. Além dos setores de educação e saúde.
Na ponta das cobranças, a empresa que recebe o pagamento (uma seguradora, por exemplo) poderá centralizar os recebimentos em um único banco ou em uma instituição Iniciadora de Transação de Pagamento (ITP). Ao mesmo tempo, um único provedor financeiro dará acesso a clientes com contas em todo o ecossistema Pix, com mais de 900 instituições financeiras.
Entre os setores que mais poderão se beneficiar com o Pix Automático (consumo, financeiro, educação e saúde), o Itaú diz que existe um potencial de aumento de até 30% nos pagamentos ao utilizar uma solução de recorrência — quando comparado aos pagamentos avulsos via boleto e QR Code.
Segundo o BC, empresas de qualquer segmento do mercado e de qualquer porte que necessitem de pagamentos periódicos poderão utilizar o novo mecanismo.
Como a novidade é vista como uma alternativa ao Débito Automático em conta, Débito Direto Automático (DDA) e cartão de crédito, a novidade pode ajudar a reduzir a inadimplência por esquecimento, uma “dor de cabeça” antiga para todos os modelos de negócio que demandam cobranças recorrentes, como o de provedores de internet, diz Denis Silva, CEO do Efí Bank.
— Enxergamos o Pix Automático como o próximo grande diferencial competitivo para nossos clientes. Ele supera as limitações do débito automático tradicional e traz uma solução moderna, econômica e integrada ao ecossistema Pix — diz o executivo do banco digital especializado em serviços e tecnologia em meios de pagamento para empresas.
Impacto no primeiro dia
Antes do lançamento oficial da funcionalidade, os clientes do Efí Bank podem iniciar a integração do Pix Automático. Um ambiente controlado (sandbox) foi criado para testes, ajustes e simulações.
Iniciadores de Transações de Pagamento (ITPs), as instituições que são reconhecidas pelo BC para iniciar pagamentos em nome do usuário e fazer a “ponte” dos valores entre as contas dos usuários os bancos, também estão sendo testadas para dar o comando do Pix Automático.
Nesse caso, os testes são realizados pela Estrutura de Governança do Open Finance, o sistema financeiro aberto, que permite o compartilhamento de dados entre instituições financeiras, com acompanhamento do Banco Central, e acontecem em ambiente que simula as condições de uso real. Isso significa que foram criados produtos fictícios que estão sendo testados por uma base restrita de clientes definida de forma prévia.
Para pagamentos com Pix Automático nos trilhos do Open Finance, o usuário sinaliza interesse no pagamento direto no app/site da empresa que vai receber o pagamento e é redirecionado para o app do banco. Ou seja, não é necessário fazer a leitura de QR Code ou receber código do Pix Copia e Cola para inserir no app do banco.
“O processo de autorização por parte do usuário é simples. Por trás disso, há um fluxo de pagamento completo que exigiu testes mais complexos e com inúmeros parâmetros. Foi preciso passar pelo amadurecimento da estrutura do Open Finance e de outras funcionalidades do Pix para hoje levar esse produto mais estruturado, mas as instituições estão engajadas e acreditamos num impacto significativo desde o primeiro dia de operação”, avaliam Jonatas Giovinazzo, presidente da Associação dos Iniciadores de Transação de Pagamentos (INIT), e Gustavo Lino, diretor-executivo da entidade.
No Open Finance, o período de testes vai até 15 de junho. Participam 13 instituições iniciadoras de pagamento e todas as detentoras de conta participantes do Open Finance. O Banco Central ressalta que a oferta do produto é opcional para as iniciadoras, mas apenas as ITPs que passarem nos testes poderão oferecer o produto a partir do dia 16.