Seca leva país a escassez inédita em cinco grandes bacias hidrográficas
Levantamento mostra que 26% do território nacional foi atingido por evento extremo, na primeira vez em um século de medições dos rios

Cinco grandes bacias hidrográficas do Brasil tiveram estado de escassez hídrica decretado em 2024, cenário inédito em mais de um século de medição. Foi o que se viu nas regiões dos rios Madeira, Purus, Tapajós e Xingú, afluentes do Amazonas, e no Paraguai no Pantanal.
Com exceção do Madeira, os demais rios nunca haviam chegado a tal situação. “Crise climática e crise hídrica estão associadas, especialmente em situações em que se combinam com a intensificação da degradação dos territórios “, afirma Sueli Araújo, do Observatório do Clima.
A seca extrema atingiu 26% do território nacional, ou 2,2 milhões de quilômetros quadrados, a soma das áreas das bacias.
A declaração de estado de escassez hídrica não é mera formalidade, mas gatilho para políticas públicas que evitem a pane do sistema hídrico.
É o ato que alerta sobre a necessidade de medidas preventivas do Corpo de Bombeiros, por exemplo, para evitar queimadas em áreas de seca extrema; para que o ONS (Operador Nacional do Sistema Elétrico) altere o nível de um reservatório de hidrelétrica; ou para que Dnit (Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes) acelere a dragagem (retirada de sedimentos) de um determinado trecho de rio para garantir a passagem de embarcações.
Verônica Sánchez, diretora-presidente da Agência Nacional de Águas e Saneamento Básico(ANA), afirma que, neste ano, os decretos de escassez balizaram medidas preventivas na bacia do rio Paraguai, na região do pantanal, sinalizando que medidas de combate a incêndios tinham de ser antecipadas, devido à seca severa em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.
Na Amazônia, onde a situação nunca havia chegado ao extremo atual, alertas também foram enviados para recomendar medidas na região do Madeira e Solimões, onde trechos chegaram a ficar intrafegáveis.
Suely Araújo, coordenadora de políticas públicas do Observatório do Clima, lembra que o Brasil sempre teve condição privilegiada em relação a outros países quando o tema é disponibilidade hídrica, sendo dono de 12% da água doce superficial do planeta, mas que o país não tem feito a atualização desse cenário com os quadros de escassez hídrica que afetam grandes bacias.
A reportagem completa é da Folha de São Paulo e pode ser acessada pelo link a seguir