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Fuga de garimpeiros na mata e por canoas nos rios de Roraima para deixar área dos Yanomami

Se eles saem sem precisar da força policial, é melhor para todo mundo”, afirmou a ministra dos Povos Originários Sônia Guajajara

Com a proximidade de operações do Governo Federal em Roraima, com o objetivo de impedir a continuação da atividade do garimpo ilegal em território Yanomami, foi identificado nestes últimos dias a fuga de garimpeiros se movimentando na mata e por canoas nos rios, no que seria uma suposta retirada dos invasores da Terra Indígena. A movimentação também foi vista por indígenas em sobrevoos na região da área demarcada.

A ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, afirmou que vários garimpeiros já estão deixando a região – “É bom que saiam, assim a gente diminui a operação que vai ser feita. Se eles saem sem precisar da força policial, é melhor para todo mundo”, afirmou a ministra dos Povos Indígenas em entrevista realizada neste sábado (4).

Fotos e vídeos registram a fuga de garimpeiros do território indígena. Segundo o serviço de inteligência do governo do estado de Roraima, estes registros mostram “pessoas saindo espontaneamente de áreas consideradas de garimpo, localizadas na terra indígena Yanomami”.

A estimativa é que ao menos 20 mil garimpeiros estejam na Terra Indígena Yanomami. A ação ilegal deles causou uma crise humanitária sem precedentes no território. São pouco mais de 30 mil Yanomami na área que deveria, por lei, ser preservada. No entanto, tem sofrido com o avanço do garimpo ilegal, que só em 2022 cresceu cerca de 55%.

Ainda segundo o governo de Roraima, a lotação de barcos e canoas utilizados durante o êxodo dos garimpeiros chamou a atenção das autoridades estaduais, que contataram o Governo Federal para que auxiliasse no apoio à saída destes trabalhadores que optaram pela saída “espontânea e pacífica”.

“Falei no início da tarde deste sábado (4) com os ministros Rui Costa e José Múcio sobre o que conseguimos apurar acerca da situação do garimpo em tempo real e propusemos ao Governo Federal que avalie uma forma de apoiar o Estado no recebimento e incentivo para esses trabalhadores [homens, mulheres e até crianças] que desejam sair de forma espontânea e pacífica, evitando qualquer tipo de confronto”, afirmou o governador de Roraima, Antônio Denarium.

O ministro da Defesa, José Múcio, disse a Denarium que fará uma visita ao estado entre quarta (8) e quinta-feira (9), junto de uma comitiva que trabalhará para acelerar a solução da crise humanitária no estado.

“Falei com o governador Denarium agora pouco, ouvi sua proposta de auxiliar os trabalhadores que estão saindo do garimpo de forma espontânea e informei a ele que iremos avaliar com muito carinho, pois o governo Lula não quer nenhum tipo de confronto, buscaremos o diálogo sempre como primeira opção”, frisou o ministro da defesa.

O governo publicou, no Diário Oficial da União (DOU) da última quinta-feira (2), detalhes da Operação Escudo na Terra Indígena Yanomami, que trata do monitoramento de voos sob suspeita de práticas ilícitas. O texto especifica quais aviões serão considerados suspeitos e poderão ser interceptados.

Reforma de pista

A ministra dos Povos Originários,Sonia Guajajara, afirmou que a base aérea no Surucucu vai ser reestruturada para que possa receber aviões de maior porte. A medida vai possibilitar levar a infraestrutura para montar um hospital de campanha na região,mas não estipulou prazo para a efetivação dessas medidas. 

Ainda segundo a ministra, o governo deve viabilizar a construção de poços artesianos e estrutura de cisterna, para captar água da chuva, além de uma  estrutura de comunicação para manter contato entre os diferentes polos da Terra Indígena. Ela também mencionou o bloqueio do espaço aéreo sobre o território, como medida efetiva já em vigor.

“Só assim a gente vai conseguir começar a ter, de fato, o resultado. Não se justifica que voos continuem sobrevoando território yanomami, sendo que aqui o estado não há nenhuma autorização para exploração de minérios”, apontou. 

Balanço de saúde

Mais cedo, em Boa Vista, Sonia Guajajara visitou a Casa de Saúde Indígena (Casai) e o Hospital de Campanha da Força Aérea Brasileira (FAB), e depois se reuniu com integrantes do Centro de Operações Emergenciais (COE) do governo federal. Representantes de entidades indígenas e de organismos internacionais, como a Organização Panamericana de Saúde (Opas) e os Médicos Sem Fronteiras, também estiveram presentes.

Durante a coletiva, o COE atualizou a situação de saúde dos indígenas no estado. Na casai, há um total de 601 yanomami, entre pacientes e seus acompanhantes. Além disso, há outros 50 indígenas internados, entre Hospital Geral de Roraima (HGR) e o Hospital da Criança Santo Antonio (HCSA), ambos em Boa Vista.

“Estamos com duas equipes compostas por profissionais da Força Nacional [do SUS], uma em Auaris e outra no Surucucu, onde há uma média de 60 a 70 atendimentos diários”, informou Ernani Santos, coordenador local do COE.

Com Agência Brasil

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