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Joenia Wapichana futura presidente da Funai vai atuar para indígena não recorrer ao garimpo

Joenia,é da comunidade indígena Truaru da Cabeceira, região do Murupu,Boa Vista (RR), esteve na COP-27 com Lula e Marina (Foto COP-27)

A deputada federal Joenia Wapichana (Rede-RR) até fevereiro será a primeira indígena a presidir a Funai desde a criação do órgão, em 1967

A futura presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana (Rede), declarou que vai atuar para evitar que a população indígena seja atraída para o trabalho em garimpos ilegais.

“A Funai vai buscar oferecer alternativas para que o jovem [indígena] não vá pro garimpo”, afirmou Joenia em entrevista ao Metrópoles. Ela será a primeira indígena a comandar a Funai desde a criação do órgão, em 1967.

Na terra indígena Yanomami, por exemplo, jovens são atraídos para atividade de garimpo ilegal com a promessa de obter fortunas em pouco tempo.

É comum ainda ver jovens serem aliciados por meio do oferecimento de drogas e bebidas alcoólicas que são levadas por criminosos que atuam em garimpos. Além de ilegal, a extração de minérios é responsável pela poluição e pelo adoecimento de comunidades.

O garimpo ilegal traz prejuízos tanto para o meio ambiente como para as pessoas com vivem na região que são intoxicadas por mércurio, utilizado na extração do ouro.Igo Estrela/Metrópoles

Joenia Wapichana assume o posto deixado por Marcelo Xavier, delegado da Polícia Federal criticado por não ter promovido novas demarcações de terras indígenas durante a sua gestão.

A futura presidente da Funai relembrou a importância do tema e criticou o arrendamento de territórios para terceiros.

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 “Arrendamento de terra é ilegal porque não faz sentido demarcar a terra indígena para conceder a terceiros que não são indígenas”, afirmou Joenia Wapichana em entrevista ao Metrópoles, na quinta-feira (12/1).

Apesar de ser uma prática proibida pela lei, o arrendamento persiste em alguns territórios nacionais. Nela, um contrato é firmado entre o proprietário das terras (indígenas) e a pessoa que tem interesse em usar a área para agropecuária e mineração. A presidente da Funai afirma que o órgão trabalhará para garantir o “direito coletivo” dos indígenas, que possuem usufruto exclusivo dos recursos naturais das terras demarcadas.

“A gente tem que fazer valer o direito coletivo, que se sobrepõe aos interesses particulares de alguns que querem fazer arrendamento ou abrir terras indígenas para exploração de terceiros”, disse a futura presidente da Funai.

Joenia Wapichana afirma que o governo federal manterá diálogo com os povos originários apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). “O governo Lula não assumiu para amedrontar nem ameaçar, a não ser que haja ilegalidades, aí as pessoas vão ter que responder pelos seus atos.”

Retomada de pautas indígenas

Joenia Wapichana comemorou a retomada do protagonismo das pautas indígenas no governo federal com a posse de Lula. Ela defendeu a mudança no nome da Funai, que deixou de ser Fundação Nacional do Índio e passou a ser Fundação Nacional dos Povos Indígenas.

A futura presidente da Funai declarou ainda que a medida é importante para demonstrar a verdadeira coletividade dos povos indígenas.

“O nome correto não é indígena, é povos indígenas. Por quê? Porque a gente traz uma coletividade. Nós não somos um povo, nós somos vários povos. São mais de 305 povos existentes no Brasil”, explica Joenia sobre o nome.

“Existe uma diversidade cultural que a nossa Constituição já assegura, respeitando a cultura, os costumes, as tradições. Então a terminologia correta são povos indígena e não índios”, diz Joenia Wapichana.

A deputada Sonia Guajajara com a minsitra dos Povos Originários Sonia Guajajara e o Cacique Raoni(Foto:Agencia Brasil)

Joenia é formada em direito pela Universidade Federal de Roraima (UFRR) e mestre em direito internacional pela Universidade do Arizona. A presidente da Funai é natural de Boa Vista, capital de Roraima. Ela é a primeira advogada indígena do Brasil e construiu sua trajetória atuando em defesa dos direitos dos povos originários.

Em 2018, tornou-se a primeira deputada federal indígena do Brasil, após receber 8.491 votos em Roraima.

A reportagem é Maria Eduarda Portela do Metrópoles Brasília

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