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Selic vai a 13,75% ao ano, e deixa porta aberta para alta residual em setembro

O Banco Central brasileiro subiu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,75%, no maior patamar desde janeiro de 2017 e no décimo segundo Comitê de Política Monetária (Copom) consecutivo com avanço das taxas. A alta ficou dentro do consenso de mercado. A decisão foi unânime. Em comunicado, o Copom apontou que avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião.

Desde o primeiro movimento de alta, em março de 2021, a taxa já subiu 11,75 pontos porcentuais, no maior choque de juros desde 1999, quando, durante a crise cambial, o BC elevou a Selic em 20 pontos porcentuais de uma vez só.

” O Comitê entende que essa decisão reflete a incerteza ao redor de seus cenários e um balanço de riscos com variância ainda maior do que a usual para a inflação prospectiva, e é compatível com a estratégia de convergência da inflação para o redor da meta ao longo do horizonte relevante, que inclui o ano de 2023 e, em grau menor, o de 2024. Sem prejuízo de seu objetivo fundamental de assegurar a estabilidade de preços, essa decisão também implica suavização das flutuações do nível de atividade econômica e fomento do pleno emprego”, destacou em comunicado.

A autoridade monetária fez um alerta ao afirmar que a possibilidade de que medidas fiscais de estímulo à demanda se tornem permanentes acentua os riscos de alta para o cenário inflacionário.

Por outro lado, afirmou que o aumento do risco de desaceleração da economia global também acentua os riscos de baixa nos preços.

“A incerteza da atual conjuntura, tanto doméstica quanto global, aliada ao estágio avançado do ciclo de ajuste e seus impactos acumulados ainda por serem observados, demanda cautela adicional em sua atuação”, disse o colegiado.

Na reunião de junho, o BC havia elevado Selic em 0,5 ponto percentual, já prevendo novo ajuste de igual ou menor magnitude neste mês.

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O Copom considera que, diante de suas projeções e do risco de desancoragem das expectativas para prazos mais longos, é apropriado que o ciclo de aperto monetário continue avançando significativamente em território ainda mais contracionista. Na nota que segue o comunicado, o comitê enfatiza que irá perseverar em sua estratégia até que se consolide não apenas o processo de desinflação como também a ancoragem das expectativas em torno de suas metas.

O ambiente externo mantém-se adverso e volátil, com maiores revisões negativas para o crescimento global em um ambiente inflacionário ainda pressionado. O processo de normalização da política monetária nos países avançados tem se acelerado, impactando o cenário prospectivo e elevando a volatilidade dos ativos;

Em relação à atividade econômica brasileira, o conjunto dos indicadores divulgado desde a última reunião do Copom seguiu indicando crescimento ao longo do segundo trimestre, com uma retomada no mercado de trabalho mais forte do que era esperada pelo Comitê;

A inflação ao consumidor continua elevada, tanto em componentes mais voláteis como em itens associados à inflação subjacente;

As diversas medidas de inflação subjacente apresentam-se acima do intervalo compatível com o cumprimento da meta para a inflação;

As expectativas de inflação para 2022, 2023 e 2024 apuradas pela pesquisa Focus encontram-se em torno de 7,2%, 5,3% e 3,3%, respectivamente.

Por Equipe InfoMoney

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