Brasil

Abin paralela monitorou Moraes, Toffoli, Barroso, Fux, Lira, Maia e jornalistas, diz PF

Operação Última Milha revela lista de nomes dos três poderes que teriam sido alvo de esquema paralelo montado na Agência Brasileira de Inteligência no governo Bolsonaro

A Agência Brasileira de Inteligência (Abin) no governo Jair Bolsonaro monitorou ilegalmente, segundo a Polícia Federal, ao menos quatro ministros do Supremo Tribunal Federal, quatro deputados federais, quatro senadores, um ex-governador, dois servidores do Ibama, três auditores da Receita e quatro jornalistas. A lista foi descoberta pelos investigadores da Operação Última Milha, que teve sua quarta fase aberta nesta quinta-feira, 11. Foram presos quatro auxiliares do ex-chefe da Abin Alexandre Ramagem, além de integrantes do chamado ‘gabinete do ódio’.

Segundo a PF foram monitorados:

Poder Judiciário: ministros Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux, todos do Supremo Tribunal Federal.

Poder Legislativo: deputados Arthur Lira, presidente da Câmara, Rodrigo Maia (então presidente da Câmara), Kim Kataguiri e Joice Hasselmann; senadores Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.

Poder Executivo: ex-governador de São Paulo, João Dória, servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, auditores da Receita Christiano José Paes Leme Botelho, Cleber Homen da Silva e José Pereira de Barros Neto.

Jornalistas: Mônica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.

Ao longo de um relatório de 187 páginas, a Polícia Federal detalhou as ações de monitoramento de tais alvos, indicando que a Abin paralela não só reunia informações sobre os mesmos, mas também criava narrativas falsas, que abasteciam influenciadores do gabinete do ódio. Os dois principais operadores de tal esquema seriam o agente de Polícia Federal Marcelo Araújo Bormevet e o sargento Giancarlo Gomes Rodrigues, que integravam o Centro de Inteligência Nacional da Abin, cumprindo ordens do então chefe do órgão Alexandre Ramagem.

O documento também explica o que teria motivado a arapongagem dos alvos. No caso dos servidores do Ibama Hugo Ferreira Netto Loss e Roberto Cabral Borges, eles estariam “dando trabalho à gestão” Bolsonaro. De acordo com a PF, Hugo foi monitorado porque “atingiu o presidente diretamente”. Ele atuou como testemunha na Operação Akuanduba, que fechou o cerco ao ex-ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles

Já a jornalista Luiza Alves Bandeiras, a ordem era para que se “futucasse até a unha”. A dupla reclamou que Luiza estava “denunciando perfis de direita”. Ela integra o Digital Forensic Research Lab, ligado ao Atlantic Council. Tal núcleo foi responsável por um relatório que levou o Facebook a derrubar, em 2020, uma rede de contas e perfis falsos ligados a integrantes do gabinete de Jair Bolsonaro, seus filhos, ao PSL e aliados. O jornalista Pedro Cesar Bartista, por sua vez, entrou na mira da ‘Abin Paralela’ por ter organizado um ato ‘Fora Bolsonaro’.

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