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 Jornais do RS relatam rotina de superação para continuar trabalhando e levando informação à população

Correio do Povo e Zero Hora tiveram seus parques gráficos inundados e redações comprometidas

As chuvas e inundações que devastam o Rio Grande do Sul há mais de uma semana vêm afetando drasticamente o dia a dia da população e a prestação de serviços no estado. Como em todas as áreas de atuação, o trabalho da imprensa também sofre com as dificuldades impostas pela tragédia, o que não impede os veículos de seguirem atuando para levar a informação para o público.

Os dois principais jornais de Porto Alegre (RS), Zero Hora e Correio do Povo, foram diretamente afetados pelas chuvas, que alagaram suas redações e parques gráficos. Buscando soluções, o Correio do Povo passou a investir em produzir conteúdo para seu site e para uma edição digital do jornal, que não vem sendo impresso desde o início da calamidade ambiental. Já o Zero Hora, após suspender a impressão da edição da última segunda-feira, passou a imprimir seu jornal no parque gráfico do Grupo Simas, responsável pelo jornal concorrente NH, em Novo Hamburgo. Ambas os portais liberaram os paywalls de seus conteúdos digitais.

Diretor de redação do Correio do Povo, Telmo Flor conta que o parque gráfico da publicação foi tomada pela chuva na última sexta-feira, com as rotativas sendo atingidas pelas águas. No mesmo dia, receberam a ordem de evacuação do edifício da redação, localizada no Centro Histórico de Porto Alegre, a cerca de 300 metros do Rio Guaíba.

— Ficamos sem energia à tarde, ligamos os geradores, e resistimos até às 21h, quando as águas chegaram na porta. No sábado, a água invadiu o prédio do jornal e não foi possível retornar — conta Telmo ao GLOBO, em entrevista por telefone. — Temos feito um esforço enorme para manter a cobertura. Estamos cumprindo a nossa missão, mas as condições são muito severas. Vários de nossos funcionários perderam tudo, ficaram sem água, sem energia.

O jornalista destaca que sua equipe tem passado por epopeias para levar a informação para o público. No último dia 30 de abril, uma equipe de três pessoas do Correio (repórter, fotógrafo e motorista) levou mais de 40h para cumprir um trajeto de 300 km entre Porto Alegre e Santa Maria, onde iria acompanhar a visita do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). A equipe precisou desviar da rota mais curta, uma vez que várias estradas e cidades do estado já sofriam com inundações. A volta de Santa Maria foi ainda mais difícil. No sábado (4), ao chegar na cidade de Guaíba, na área metropolitana da capital, o time se viu ilhado e optou por ir até Eldorado acompanhar os relatos sobre a cidade, que tinha 95% de seu território inundado. Mas também não conseguiram seguir o caminho. O fotógrafo, Ricardo Giusti, acabou continuando a viagem sozinho, pegando carona em um caminhão do exército.

Telmo conta relatos de repórteres que, todos os dias, deixam suas casas, sem energia, com os laptops de baixo do braço, em busca de locais com eletricidade e internet. Lembra ainda de sua chefe de produção, que perdeu tudo ao ter seu apartamento tomado pela água, que chegou a 1,8 metro de altura. Resgatada, ela foi para uma casa de familiar no litoral e logo se colocou à disposição para trabalhar. Outra jovem repórter, que passava por processo seletivo no início das chuvas, “não aceitou” o aviso de que a contratação ficaria para o futuro, e insistiu para começar a trabalhar já no período de crise. Acabou contratada.

O prédio da RBS, na esquina das Avenidas Erico Verissimo e Ipiranga, no Bairro Azenha, que abrange as redações dos jornais do grupo, foi evacuado na última segunda-feira (6). Os profissionais, no momento, trabalham no prédio da RBS TV, em uma região mais alta de Porto Alegre.

A reportagem é de O Globo e pode ser acessada pelo link a seguir

https://oglobo.globo.com/brasil/sos-rio-grande-do-sul/noticia/2024/05/11/jornais-do-rs-relatam-rotina-de-superacao-para-continuar-trabalhando-e-levando-informacao-a-populacao.ghtml

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