Brasil

Facções e milícias disputam controle de rios da Amazônia para o tráfico de drogas

Entre as rotas nos dez rios mais usados, a mais buscada é a que começa no Rio Solimões, no Amazonas, e vai até Barcarena (PA), onde está o grande porto brasileiro mais próximo dos Estados Unidos e da Europa

Integrantes das facções Comando Vermelho e PCC disputam com milícias paramilitares o controle das principais rotas nos rios amazônicos para transporte de drogas e armas para outras regiões do Brasil e o exterior. Entre as rotas nos dez rios mais usados, a mais buscada é a que começa no Rio Solimões, no Amazonas, e vai até Barcarena (PA), onde está o grande porto brasileiro mais próximo dos Estados Unidos e da Europa. Em 2023, foram apreendidas 14,2 toneladas de entorpecentes em embarcações no Amazonas e outras 3,9 toneladas no Pará.

A fronteira do Amazonas com o Peru e a Colômbia — os dois maiores produtores de droga no mundo — torna inevitável que os entorpecentes passem pelo estado, em barcos ou lanchas até mesmo blindadas e adaptadas para utilizar armas pesadas contra policiais. No Pará, há duas semanas, pescadores encontraram um submarino em São Caetano de Odivelas, no Nordeste do estado.

A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar o caso; o segundo no Pará. Há suspeita de uso da embarcação para o tráfico de drogas. A primeira apreensão do tipo foi em 2015, perto do município de Vigia, onde um semissubmersível de 17 metros era construído em um igarapé no rio Guajará-Miri. O veículo tinha capacidade de transportar uma carga de 20 toneladas.

Delegado da Polícia Civil do Amazonas, Bruno Fraga afirma que a apreensão em rios é dificultada pelas condições geográficas.

— A logística de ações táticas nos rios é bastante complicada, pela extensão deles. Os traficantes fazem a maior parte do transporte de madrugada, e a visibilidade é quase zero — diz.

Quando descobertos, os traficantes podem recorrer ao confronto. Um vídeo gravado por policiais civis mostra agentes do Departamento de Repressão ao Crime Organizado (Draco) trocando tiros com traficantes na Operação Ultimato, em agosto de 2023. Na ação, foram apreendidas cerca de duas toneladas de drogas, entre cocaína e maconha, sete fuzis calibre 556, munições, coletes balísticos e uma lancha, no Rio Solimões.

Além das organizações criminosas com atuação nacional, investigações têm identificado a participação de policiais e de outros servidores públicos do Amazonas no tráfico, direta ou indiretamente, por meio de acobertamento ou de extorsões. Coordenador do Gaeco Amazonas e promotor do Ministério Público, Igor Starling aponta que grupos paramilitares — tratados pelos investigadores como “narcomilícias” — apreendem cargas de droga das facções em abordagens. O material é posteriormente vendido ou devolvido após pagamento.

— Há fortes indícios do envolvimento de agentes públicos com a atividade conhecida como “piratas de rio” — afirma o promotor.

A matéria original é do Globo e pode ser acessada pelo link abaixo

https://oglobo.globo.com/brasil/noticia/2024/03/04/faccoes-e-milicias-disputam-controle-de-rios-da-amazonia-para-o-trafico-de-drogas.ghtml?utm_source=Whatsapp&utm_medium=Social&utm_campaign=compartilhar

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