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Marajó: promotor diz que imagens de exploração sexual são distorcidas

Vídeos que circulam nas redes sociais mostram supostos abusos cometidos contra crianças e adolescentes da Ilha do Marajó

O promotor do Ministério Público do Pará (MPPA) Luiz Gustavo da Luz Quadros afirmou que vídeos que circulam nas redes sociais de supostos casos de exploração sexual contra crianças e adolescentes na Ilha do Marajó são distorcidos. Na tarde de sexta-feira (23/2), o promotor falou ao Metrópoles Entrevista sobre os casos na região.

“Bom, as imagens que eu observei estão descontextualizadas no sentido de que não dá para identificar qual foi o período em que aquela imagem ela foi captada, qual foi o local específico que ela foi captada. Porque, a partir daí, nós poderemos traçar uma estratégia de investigação a fim de apurar aquelas circunstâncias específicas”, afirma Quadros.

“Existem muitos vídeos que foram realizados antes da pandemia, onde havia várias situações, principalmente das meninas balseiras que iam de ‘rabeta’, adentravam nas balsas, nos transportes fluviais aqui da nossa região e que naquele contexto havia vários casos de abuso sexual”, reconhece.

O promotor atua em Muaná, um dos municípios do Arquipélago do Marajó. A região ainda conta com Afuá, Anajás, Bagre, Breves, Cachoeira do Arari, Chaves, Curralinho, Gurupá, Melgaço, Ponta de Pedras, Portel, Salvaterra, Santa Cruz do Arari, São Sebastião da Boa Vista e Soure.

Ele ressalta que as investigações de casos de abuso de menores de idade na Ilha do Marajó são difíceis e complexas, devido ao tamanho do território e a adversidades para acessar alguns municípios.

Segundo o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o estado do Pará tem uma taxa de 3.648 casos de exploração sexual de menores de idade. O número ultrapassa a média nacional, de 2.449 casos.

Além da complexidade do território, a pobreza na região é apontada por Quadros como uns fatores responsáveis pelo alto índice de casos de exploração sexual de crianças.

O promotor de Muaná reforça a necessidade da presença do Estado na região para garantir um desenvolvimento seguro e adequado para as famílias que vivem em situação de vulnerabilidade social.

“Porque a maior parte desses crimes ocorre dentro do núcleo familiar, onde há uma hierarquia familiar entre o abusador, que pode ser o avô, pode ser seu pai, o padrasto, irmãos, tios com as vítimas, que são meninas e adolescentes. E também esse indivíduo faz o papel de provedor econômico dessa família”, destaca o promotor do Pará.

“Então a gente para fazer esse enfrentamento, a gente necessita de uma certa cautela, a fim de que consiga o que é que a vítima colabore juntamente com a família, a fim de que a gente possa esclarecer os fatos e propor a responsabilização dos acusados”, enfatiza Quadros.

Em nota, o governo do Pará informou ao Metrópoles que tem ações em diferentes áreas, da segurança pública à educação, para garantir a proteção das crianças e adolescentes que vivem na Ilha do Marajó.

Segundo o governo paraense, as forças de segurança atuam no patrulhamento de embarcações e nas áreas ribeirinhas. Ainda de acordo com o Estado, foram realizados mais de 37.452 atendimentos de garantia da cidadania e prevenção de crimes na área.

Para garantia de acesso à educação, o governo do Pará possui um convênio com os municípios marajoaras para investimentos na área de aproximadamente R$ 130 milhões para construção de 13 novas creches.

O Ministério dos Direitos Humanos destacou que não foram canceladas ações, políticas ou projetos voltados para Ilha do Marajó. De acordo com o governo federal, em maio de 2023 um novo marco em políticas públicas para a região foi adotado.

A senadora Damares Alves (Republicanos-DF) lançou, em março de 2020, o programa Abrace o Marajó para ampliar o acesso da população marajoara aos direitos humanos. A proposta era coordenada pelo antigo Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos.

No entanto, de acordo com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o programa acumula denúncias e críticas e por isso foi revogado na gestão atual.

“É preciso inverter a lógica assistencialista e modos de vida da população do Marajó. Possuímos o compromisso de não associar imagens de vulnerabilidade socioeconômica ou do próprio modo de vida das populações do Marajó, em especial, crianças e adolescentes, ao contexto de exploração sexual”, reforça o Ministério dos Direitos Humanos.

Confira a entrevista na íntegra no site Metrópoles

https://www.metropoles.com/brasil/marajo-promotor-diz-que-imagens-de-exploracao-sexual-sao-distorcidas

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