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Quem é Estevam Theophilo, o coronel que foi do Alto Comando do Exército e estava preparado para o golpe

General de quatro estrelas foi um dos 16 militares alvos de busca e apreensão na Operação Tempus Veritatis

A Operação Tempus Veritatis, deflagrada nesta quinta-feira (8) pela Polícia Federal, teve 16 militares como alvos de busca e apreensão. Dentre os investigados está o general de quatro estrelas Estevam Theophilo Gaspar de Oliveira, que fazia parte do Alto Comando do Exército sob o governo Lula até novembro de 2023, quando passou para a reserva.

Oliveira era comandante de Operações Terrestres (Coter) e, segundo a PF, cabia a ele o “emprego do Comando de Operações Especiais (COpESP)”, os chamados ‘kids pretos”. O efetivo desse grupo é treinado em operações de contra-inteligência, insurreição e guerrilha e seria acionado para prender autoridades durante a tentativa de golpe de Estado, segundo as investigações da PF. O plano seria executado no fim de 2022 antes da posse de Luiz Inácio Lula da Silva.

“Além de (Estevam Theóphilo) ser o responsável operacional pelo emprego da tropa caso a medida de intervenção se concretizasse, os elementos indiciários já reunidos apontam que caberiam às Forças Especiais do Exército (os chamados Kids Pretos) a missão de efetuar a prisão do Ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes assim que o decreto presidencial fosse assinado”, destaca a decisão que autorizou a operação.

Os generais Walter Braga Netto e Paulo Sérgio Nogueira também foram alvos de busca e, de acordo com a PF, integravam o núcleo de “oficiais de alta patente com influência e apoio a outros núcleos” ao lado de Oliveira.

Com base em diálogos encontrados no celular do tenente-coronel Mauro Cid, que fechou acordo de delação premiada com a PF, Oliveira teria “consentido com a adesão ao golpe de Estado desde que presidente assinasse a medida”. Segundo as investigações, o consentimento ocorreu durante uma reunião com o ex-presidente Jair Bolsonaro no Palácio da Alvorada, em 9 de dezembro de 2022.

Investigado pelos crimes de organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado, Oliveira é natural de Fortaleza (CE), onde comandou a 10ª Região Militar (10ª RM), e vem de uma família com tradição no exército e na política. Seu irmão, o também general Guilherme Theophilo, foi ex-secretário de Segurança Pública do governo Bolsonaro, além de candidato ao governo do Ceará pelo PSDB em 2018. Desde novembro, atua como presidente do Partido Novo no Ceará.

Dentre outras funções no Exército, Oliveira comandou a 13ª Brigada de Infantaria Motorizada, em Cuiabá (MT), e a 12ª Região Militar, em Manaus (AM), e foi diretor de Educação Técnica Militar, no Rio. Ele chegou a ser cogitado para assumir o Comando do Exército em 2022, mas acabou preterido pelo general Júlio Cesar de Arruda.

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