Mariana Santos fala do primeiro papel como protagonista em ‘Elas por elas’ e de maternidade: ‘Talvez não seja nesta vida’

Com 18 anos de carreira, Mariana Santos vive sua primeira protagonista. A atriz soube que seria um dos destaques de “Elas por elas” em agosto, mês do seu aniversário, e considera que o presente veio no tempo certo. No remake, ela interpreta Natália, personagem que tem sérios problemas emocionais por não ter superado a morte do irmão gêmeo, Bruno (Luan Argollo). A tragédia ocorreu em circunstâncias misteriosas, durante uma viagem na serra que fizeram com um grupo de amigos, 25 anos atrás.

— Estou muito feliz. Nenhum trabalho chega na nossa vida por acaso ou sai dela por acaso. Com certeza, neste momento, é o mais desafiador. É uma personagem que não é óbvia — afirma Mariana, de 47 anos, que atuou no “Zorra total” (2016) e em novelas como “Pega pega” (2018) e “Cara e coragem” (2022).

A atriz divide o protagonismo na novela das 18h com outras seis mulheres: Maria Clara Spinelli, Karine Teles, Deborah Secco, Késia, Isabel Teixeira e Thalita Carauta:

— Cada uma com uma história diferente. Só tem a agregar. Não é uma competição. É uma diversidade de mulheres, de jeitos e de tipos que só motiva a gente a estar ali fazendo com mais amor ainda. Acho fantástico e inovador. Existe um trabalho para as pessoas entenderem que a sororidade existe.

Nascida numa família de noveleiros, Mariana conta que as cenas de Natália vêm sendo avaliadas pela mãe e pela irmã. Ela conta que se inspirou numa tia para compor o papel.

— Ela tinha essas mudanças de humor repentinas e mania de perseguição. Cismava com a pessoa — explica ela, que, apesar das cenas pesadas, não leva energia negativa para a casa: — Lembro que nos primeiros cursos que eu fiz tinha uns personagens muito profundos. Depois eu não conseguia parar de chorar. O diretor me chamou de canto e falou: “Acabou, hein. Pára. Já acabou a personagem. Agora você vai tirar e guardar numa caixa”. A gente se acostuma.

O convite inesperado para estar na novela (ela substituiu Monica Iozzi) levou Mariana a mudar seus planos. Ela estava se organizando para fazer dois espetáculos. Um este ano e outro, em 2024. Ela também precisou voltar a morar no Rio de Janeiro, onde mantém um apartamento. Há oito anos, vive em São Paulo com o marido, o produtor teatral Rodrigo Velloni:

— A gente se divide bem. Temos uma relação muito madura, no sentido de colaboração, de um dar força para o outro. Ele é produtor de teatro, também viaja bastante. Quando está mais flexível de trabalho, vem para cá. Nos conhecemos trabalhando. É uma relação bonita que eu tenho com ele, de muito amor, de muito afeto. Por isso que eu me casei tarde. A gente casou porque realmente quis casar.

Quanto à possibilidade de ter filhos, Mariana não cogita. Ela tem um enteado, de 23 anos.

— Nunca quis. No começo, a gente conversou sobre isso, mas nunca foi uma questão para mim. Se eu quisesse ter sido mãe, ter gerado, acho que isso viria naturalmente com muita força. Não veio. Não é neste momento, talvez não seja nesta vida. Vou doar a minha maternidade para o Arthur, meu afilhado, como doo para a minha família, para a minha mãe, para a minha irmã, para os meus amigos. Sou uma pessoa bem maternal — avalia Mariana, que já foi professora.

A opção de deixar o magistério para focar na carreira artística foi apoiada pela família da atriz.

— Minha mãe acompanhou tudo. Meus pais são separados desde que eu tinha 7 anos. Ele sempre me incentivou muito. Os dois me deixaram livre. Nunca focamos no dinheiro. Queria fazer alguma coisa que me trouxesse para a vida. Foi isso que fui fazer — lembra ela, que tem consciência da instabilidade na profissão: — Cresci numa família de classe média baixa. Sempre me organizei financeiramente para poder ter uma velhice mais tranquila. Não gasto com bobagem. Não tenho esses luxos. Ator não pensa em se aposentar. É preciso planejar para ter um futuro mais tranquilo. Estou seguindo o que a vida está me proporcionando, estou aberta a essa brincadeira. Graças a Deus ganho dinheiro fazendo isso.