Amazônia

Amazônia vive seca devastadora: ‘Natureza não tem tempo de se adaptar’

A Amazônia enfrenta uma seca que pode bater recordes e superar as estiagens mais devastadoras já registradas. Só no estado do Amazonas, 24 municípios estão em situação de emergência, e 34 em alerta, segundo boletim divulgado na terça.

Isso ocorre porque há um aquecimento elevado das águas do oceano Atlântico Tropical Norte, maior do que em outros anos, segundo Gilvan Sampaio, coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Esse aquecimento faz com que o ar suba e desça com muita intensidade, principalmente na região sul e sudoeste da Amazônia.

Isso inibe a formação de nuvens. Por isso a situação de chuvas muito abaixo da média e os rios no seu nível mínimo ou abaixo do mínimo.

Gilvan Sampaio, coordenador-geral de Ciências da Terra do Inpe.

O culpado para o fenômeno atual não é El Niño —pelo menos não por enquanto, segundo o especialista. O fenômeno causa impactos a leste e norte da região amazônica, não ao sul e sudoeste —lugares mais afetados hoje.

O El Niño, porém, tende a ganhar mais intensidade, com pico em dezembro, segundo as previsões. Isso pode influenciar outras áreas da Amazônia. “Viraremos o ano e o primeiro semestre de 2024 com impacto mais no leste e norte da Amazônia, pegando desde Manaus, Pará, inclusive o Maranhão”, explicou.

Os impactos devem ir além da região Norte. “Se persistir o Atlântico aquecido como está —e as previsões indicam que continuará assim pelos próximos meses— mais o El Niño, essa também é a pior combinação para o semiárido nordestino”, diz Sampaio.

“Tudo indica que nós teremos um ano de seca no semiárido nordestino em 2024, lembrando que lá o período chuvoso principal é de fevereiro a maio. Com essa configuração, as chuvas nesse período devem ficar abaixo da média”.

Gilvan Sampaio.

Calamidade

A seca atual pode superar a megasseca de 2005, que, segundo Sampaio, foi a mais intensa na região sudoeste da Amazônia. Naquela época, o estado do Amazonas entrou em calamidade pública devido ao baixo nível dos rios. Faltaram alimentos, combustível, energia e água. Houve novas estiagens severas em 2010, 2015 e 2016.

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