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Haddad cria ruído com Lira e é obrigado a se explicar

Declaração do ministro que  poder da Câmara, é ‘muito grande’ repercutiu mal e causou adiamento de reunião sobre arcabouço

Cerca de cinco horas após a declaração vir a público, Haddad desceu à portaria do Ministério da Fazenda para tentar pôr panos quentes na situação – Foto:Agência Câmara

O ministro Fernando Haddad (Fazenda) disse, em entrevista divulgada nesta segunda-feira (14), que a Câmara dos Deputados “está com um poder muito grande”, declaração que criou ruído na relação com o presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), azedou o clima político e obrigou o ministro a dar explicações.

“A Câmara está com um poder muito grande, e ela não pode usar esse poder para humilhar o Senado e o Executivo”, disse Haddad em entrevista ao programa Reconversa, com o jornalista Reinaldo Azevedo e Walfrido Warde. A gravação foi realizada na noite de sexta-feira (11), mas divulgada somente no início da tarde dessa segunda,confome publicado na Folha de São Paulo.

Cerca de cinco horas após a declaração vir a público, Haddad desceu à portaria do Ministério da Fazenda para tentar pôr panos quentes na situação, dado o elevado risco de repercussão na agenda econômica. Uma reunião de líderes da Câmara, marcada para tentar destravar a votação do novo arcabouço fiscal, foi cancelada diante do clima desfavorável.

“As minhas declarações foram tomadas como uma crítica à atual legislatura. Na verdade, eu estava fazendo uma reflexão sobre o fim do chamado presidencialismo de coalizão. Nós tínhamos, até os dois primeiros governos Lula, um presidencialismo de coalizão. E isso não foi substituído por uma relação institucional mais estável”, afirmou o ministro.

“Longe de mim querer criticar a atual legislatura. Era uma reflexão justamente para que a gente estabelecesse regras mais estáveis e duráveis, pensando no futuro da relação entre Executivo, Senado e Câmara Federal”, acrescentou.

A fala do ministro ampliou o incômodo de boa parte dos integrantes do centrão, que já estão irritados com a demora de Lula para definir as trocas nos ministérios e formalizar a entrada de parlamentares do PP e Republicanos no governo.

Diante do receio de esgarçamento na relação com a Câmara, Haddad disse que fez questão de ligar para Lira para desfazer qualquer mal-entendido. Segundo o ministro, o presidente da Câmara foi quem sugeriu que ele fizesse um esclarecimento público.

Nas redes sociais, Lira criticou as declarações de Haddad, ainda que sem citá-lo nominalmente. O presidente da Câmara afirmou que “manifestações enviesadas e descontextualizadas não contribuem no processo de diálogo e construção de pontes tão necessário para que o país avance”.

“É equivocado pressupor que a formação de consensos em temáticas sensíveis revela a concentração de poder na figura de quem quer que seja. A formação de maioria política é feita com credibilidade e diálogo permanente com os líderes partidários e os integrantes da Casa”, escreveu Lira em rede social após Haddad se explicar nesta tarde.

O presidente da Câmara afirmou ainda que a Casa “tem dado sucessivas demonstrações de que é parceira do Brasil, independente do governo de ocasião” e citou a aprovação da PEC da Transição, da Reforma Tributária e do arcabouço fiscal —que voltará a ser analisado no plenário da Câmara após ter sofrido modificações no Senado.

ele [Lira] topou, e o Rodrigo Pacheco, que é um senador espetacular, também tem dado uma contribuição enorme”, disse.

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