Política

Deputada Carla Zambelli é alvo de operação da PF

Parlamentar Carla Zambelli é investigada por supostamente contratar um hacker para invadir sistema do Judiciário

Hacker diz que Bolsonaro perguntou sobre ‘invasão de urnas’ e revela Pix ‘à disposição’ de Zambelli – Foto: Reprodução/Instagram/Carla Zambelli

A Polícia Federal cumpriu na manhã de ontem (02/8) mandados de busca e apreensão contra a deputada federal Carla Zambelli e de prisão contra o hacker Walter Delgatti. Agentes estiveram no apartamento e no gabinete da parlamentar, em Brasília, e na casa do hacker, em São Paulo. Ela é investigada por supostamente contratar Delgatti para fraudar as urnas eletrônicas e tentar inserir no sistema do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) um mandado de prisão contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), segundo o relato do hacker.

O advogado Ariovaldo Moreira, que representa Walter Delgatti Neto, confirmou a prisão do hacker em Araraquara, no interior de São Paulo.

A Polícia Federal diz em nota que  “Em prosseguimento às ações em defesa da Constituição e da ordem jurídica, a Polícia Federal está cumprindo mandados judiciais relativos a invasões ou tentativas de invasões de sistemas informatizados do Poder Judiciário da União, no contexto dos ataques às instituições”, escreveu o ministro da Justiça Flávio Dino, em uma rede social.

De acordo com a PF, a Operação 3FA ocorreu com o objetivo de esclarecer a atuação de indivíduos na invasão aos sistemas do (CNJ) e na inserção de documentos e alvarás de soltura falsos no Banco Nacional de Mandados de Prisão (BNMP). Estão sendo cumpridos dois mandados de busca e apreensão e um mandado de prisão preventiva no estado de São Paulo e três mandados de busca e apreensão no Distrito Federal, além de análise do material apreendido.

As ações ocorrem no escopo de inquérito policial instaurado para apurar a invasão ao sistema do CNJ, que tramitou perante a Justiça Federal, mas teve declínio de competência para o STF em razão do surgimento de indícios de possível envolvimento de Zambelli, que possui prerrogativa de foro. Zambelli e seu advogado foram procurados, mas não se manifestaram.

Os crimes apurados ocorreram entre os dias 4 e 6 de janeiro de 2023, quando teriam sido inseridos no sistema do CNJ e, possivelmente, de outros tribunais do Brasil, 11 alvarás de soltura de indivíduos presos por motivos diversos e um mandado de prisão falso em desfavor do ministro Moraes.

“As inserções fraudulentas ocorreram após invasão criminosa aos sistemas em questão, com a utilização de credenciais falsas obtidas de forma ilícita, conduta mediante a qual os criminosos passaram a ter controle remoto dos sistemas. Os fatos investigados configuram, em tese, os crimes de invasão de dispositivo informático e falsidade ideológica”, informou a PF.

O nome da “Operação 3FA” é uma referência à autenticação de dois fatores (2FA), método de segurança de gerenciamento de identidade e acesso que exige duas formas de identificação para acessar recursos e dados, sendo que, tendo os investigados violado o sistema, foi necessária a atuação do Estado (PF, MPF e Judiciário), que atuou na repressão à conduta criminosa e na prevenção a novas ações semelhantes.

Em depoimento à PF, Delgatti declarou ter sido procurado por Zambelli, em setembro de 2022, em um encontro na Rodovia dos Bandeirantes, na capital paulista. Ele contou que só conseguiu acessar o e-mail de Moraes, mas não encontrou nada de comprometedor, e que não obteve êxito ao tentar acessar o celular do magistrado. Ele alegou ainda ter tentado invadir o sistema de segurança das urnas eletrônicas, também sem sucesso.

Como prova da relação com a deputada, o hacker entregou extratos de pagamentos bancários que ligariam Zambelli a serviços prestados por ele. A deputada já negou qualquer relação de trabalho com Delgatti.

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