Tambaqui é o terceiro pescado mais exportado do Brasil e Rondônia é o estado líder na produção nacional da espécie

A piscicultura de Rondônia apresenta um cenário promissor, se apresentando como uma excelente alternativa de renda para o produtor rural. Atualmente, tem no tambaqui o seu mais importante produto, sendo a principal espécie criada em cativeiro no estado. Hoje,o tambaqui de Rondônia é conhecido nacionalmente e está adentrando o mercado estrangeiro, e tem se destacado com títulos importantes, como o que ganhou pela preparação da costelinha de tambaqui, recém premiada no Seafood Expo North America/Seafood Processing North America, conquistando o primeiro lugar com o Seafood Excellence Awards 2023

Nosso entrevistado de hoje é Luciano Brandão diretor-presidente da Emater de Rondônia. Luciano Brandão assumiu a direção da Emater em 21 de janeiro de 2019 com a missão de imprimir uma nova dinâmica aos trabalhos de extensão rural. A abordagem tem por objetivo entender com está implantada a piscicultura no estado e como se dá o abastecimento de peixes para a cidade de Manaus.

Como é que a EMATER-RO incentiva a produção de peixes em Rondônia, e com quais metodologias de assistência técnica e extensão rural?

Luciano Brandão – A EMATER-RO presta serviços de assistência técnica e extensão rural aos agricultores familiares do estado de Rondônia, com base na atual política de Assistência Técnica e Extensão Rural e oferece aos seus beneficiários, dentro do programa “Peixe Saudável”, assistência na prevenção e boas práticas de manejo na piscicultura.

Três laboratórios móveis percorrem os municípios, levando conhecimento e capacitação técnica, além de fornecer ao piscicultor a análise de água gratuita para fins de licenciamento ambiental e manejo.

Qual a capacidade de produção de pescado e quais as cidades produtoras?

Luciano Brandão – Segundo dados da Secretaria de Estado Desenvolvimento Ambiental (Sedam), dados de 2018, Rondônia conta com cerca de 16 mil hectares de espelho d’água. A capacidade de produção é variável, de acordo com a produtividade dos empreendimentos, atualmente a produtividade média no estado de Rondônia é entre 6 e 8 t/ha.Com uma produção de 57.200 toneladas no ano de 2022 (dados do Anuário 2023 Peixe BR da Piscicultura), a cadeia produtiva do peixe, hoje está distribuída em diversas cidades, sendo os maiores produtores de peixe no estado, os municípios de: Ariquemes,Cujubim, Cacaulândia, Alta Floresta do Oeste, Porto Velho, Rio Crespo, Pimenta Bueno,Nova União, Alto Paraíso e Machadinho do Oeste. O estado conta ainda com:

• Fábricas de Ração – 4

ADM – Rolim de Moura

Big Sal – Ji-Paraná

Marília – Ji-Paraná

Zaltana – Ariquemes

Laboratórios de alevinos – 18

Frigoríficos com S.I.F. – 3

Ariquemes – Pescados do Vale e Zaltana

Itapuã do Oeste – Rondofish

Agroindústrias do S.I.E – 2

 Vale do Paraíso

Porto Velho

• Usinas de calcário – 3

Espigão do Oeste (CRM)

Parecis (César Cassol)

Nova Brasilândia do Oeste (César Cassol II)

Quais as práticas tecnológicas e de manejo adequado para a produção?

Luciano Brandão – São práticas voltadas para o desenvolvimento da piscicultura junto à agricultura familiar, levando assistência técnica através das diversas metodologias de Assistência Técnica e Extensão Rural  (ATER)  – palestras, cursos,dias de campo, dias especiais, demonstração de métodos etc. nas áreas de:

• Manutenção da qualidade da água em parâmetros adequado para desenvolvimento do peixe;

• Uso de prebióticos e probióticos na ração dos peixes;

• Biorremediadores para manutenção da qualidade da água e controle de material

orgânico e substâncias nitrogenadas na água;

• Uso de aeradores, entre outros

Rondônia está em qual patamar no quesito produção e quais são as espécies?

Luciano Brandão – Há 6 anos, o estado de Rondônia ocupa, no ranking nacional, o 3º lugar como o maior produtor de peixe de cultivo de espécie em geral, e o 1º da região Norte em espécies nativos da Amazônia (dados do Anuário 2023 Peixe BR da Piscicultura), sendo a espécie mais cultivada e de maior importância na cadeia produtiva do peixe, o tambaqui.

Como tem se dado a atuação no que se refere a beneficiamento e processamento de pescado?

Luciano Brandão – Rondônia conta com três frigoríficos habilitados com o Sistema de Inspeção Federal (S.I.F.) e dois no Sistema de Inspeção Estadual (S.I.E,)

Com que frequência e qual quantidade de peixes, Rondônia, abastece o Amazonas, e quais são os tipos?

Luciano Brandão – O tambaqui é o carro chefe para o abastecimento do Amazonas, sendo distribuído durante todo o ano. Com dados do governo, nosso peixe hoje abastece 11 estados brasileiros: Amazonas, Acre, Amapá, Bahia, Goiás, Maranhão, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Pará, São Paulo, Tocantins, além do Distrito Federal. Rondônia segue como líder na produção de peixes nativos com 57 mil toneladas, seguido por Mato Grosso com 42 mil ton; Maranhão com 40 mil ton; Pará com 24,9 mil ton; e Amazonas com 21,5 mil toneladas. Um terço da produção de tambaqui de Rondônia vai para Manaus, in natura, saindo de Ariquemes, que é o município que mais produz, não só tambaqui como outras espécies.

E a exportação – Rondônia atingiu o mercado internacional?

O estado de Rondônia está entrando no comércio de exportação e hoje já abastece mercados em dois países, Peru e Bolívia. Recentemente deu início à exportação para o mercado dos Estados Unidos, com uma boa perspectiva de consolidação nesses mercados, além de já estar explorando outros. No ano passado Rondônia exportou para o Peru 47 toneladas de Tambaqui, ao valor total de U$ 125 mil (cento e vinte e cinco mil dólares); cada tonelada saiu ao valor médio de U$ 2,6 mil. Já para os EUA em 2022, foram exportadas 15 toneladas de pescado congelado, ao valor total aproximado de U$ 80 mil. Cada tonelada saiu ao valor médio de U$ 5,3 mil.