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“Se convocado para integrar comissão, estarei pronto”, afirma senador Omar Aziz,cotado para presidir CPI de 8 de janeiro

A matéria é da rádio Eldorado sobre a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito que será instalada no Congresso

O senador Omar Aziz(PSD-AM) falou hoje na Rádio Eldorado de São Paulo(Foto:Arquivo Omar Aziz)

O presidente do Congresso, Rodrigo Pacheco, deve ler nesta quarta o requerimento da criação dessa comissão parlamentar mista de inquérito que vai investigar os atos golpistas de 8 de janeiro. Está marcada uma sessão conjunta do Congresso com deputados e senadores para o início da tarde.

Com a leitura do requerimento, a CPI é oficialmente criada. Os postos de destaque, como a presidência, que dita os rumos, o ritmo dos trabalhos e a relatoria também responsável pelas linhas de investigações, já são motivo de disputa política entre vários partidos e as casas.

A reportagem abordou um pouco mais sobre esses trabalhos, por parte até do Senado, com o senador Omar Aziz, do PSD, que está presidindo também a Comissão de Transparência e Fiscalização do Senado.

Entrevistadora – Senador, como é que o senhor entende que deve ser essa divisão entre Câmara e Senado de indicação de parlamentares?

Omar Aziz – A comissão vai ser formada por 36 senadores e 16 deputados. E aí você tem um conjunto de senadores e deputados que escolhe o presidente, o vice-presidente e o relator. Não necessariamente tem que ser da Casa A ou da Casa B, entendeu? Às vezes tem acordo, olha, o presidente será da Câmara, o presidente será do Senado, o relator da Câmara, o do Senado e vice-versa.

Entrevistadora –  O que o senhor defende?

Omar Aziz – Não, eu acho que onde você tem um conjunto de parlamentares, tem que disputar no voto para saber quem vai se presidir e quem vai ser o relator. Isso é uma CPMI. Primeiro que eu nem assinei essa CPMI. Porque eu não entendo que essa comissão parlamentar de inquérito vai apurar quem patrocinou o golpe. Está querendo apurar a omissão do governo que estava há 7 dias, tinha assumido. Então, você tinha um general ali sem tropa. O general G. Dias era ele e uma tropa que não era dele, que não tinha sido escolhida por ele. Você vê que o GSI tem 800 homens dentro dessa estrutura. E no dia do golpe só tinha 30 homens lá dentro. Você não queria que o G. Dias chegasse lá dando safanões nas pessoas ali para tirar na marra. Empurrando, batendo, coisa parecida. E o Congresso que foi atacado, tanto a Câmara como o Senado, não têm GSI. O que tinha ali era a polícia legislativa que tentou conter, isso aí vocês viram pelas imagens que foram mostradas pela televisão, o Supremo muito menos. O Supremo não tinha nada, absolutamente nada e foi completamente depredado. Então, querer fazer uma inversão agora de quem é o responsável. O responsável foi quem planejou por muito tempo, isso não foi feito do dia para a noite, os que financiaram a vinda dessas pessoas para Brasília, que pagaram alimentação, hospedagem e diárias, porque teve gente que recebeu e foi diária para estar aqui. Tanto é que o Supremo já torna réu, investigado, 100 e agora está julgando mais 200. Agora, não tem nenhum empresário que financiou preso ainda. Não tem nenhum empresário que deu dinheiro, que pagou para essas pessoas virem. E não foi pequenos empresários, não. No meu estado mesmo, tem empresários que bancaram a vinda dessas pessoas para cá. Como é que o cara se desloca de Manaus para cá com uma passagem de 3 .500 reais só uma perna? É 7 mil ida e volta. Manaus -Brasília, Brasília -Manaus dá 7 mil reais. Não era nenhum cara abastado aqui com dinheiro, não eram pessoas humildes. Muitas delas induzidas ao erro. E a gente tem que diferenciar bem de quem votou no Bolsonaro. Não dá para dizer que todo mundo que votou no Bolsonaro concorda. Não, não é verdade. Tem muita gente que continuou trabalhando e foi trabalhar. As pessoas que ficaram acampadas meses, não foi um dia, dois dias, não foi um final de semana, meses. Sem trabalhar, largando filhos em casa, marido em casa ou mulher em casa. Sustentando parentes em casa e vieram acampar em Brasília, no Amazonas, em todos os lugares do Brasil. A troco de que? Financiados por quem? Quem é que foi conivente com tudo isso? Quem preparou, quem engendrou essa coisa para acontecer dia 8? Não, a CPMI não quer investigar isso. Ela quer investigar se o governo do presidente Lula foi conivente para criar uma instabilidade. E nós sabemos muito bem que todos nós ficamos assustados com aquilo. Porque a gente nunca esperava que o Brasil fosse viver esse dia 8, que é um dia que não é para ser esquecido, dia 8 de janeiro, jamais. Até por isso a importância desses, especialmente, dois cargos.

Entrevistadora – O senhor mencionou agora que Relatoria e Presidência deve ser uma decisão disputada no voto. O nome do senhor é cotado não só para integrar a comissão, até pela experiência do senhor, como também ocupar a Relatoria.

Omar Aziz –  Isso aí, primeiro, o meu partido vai discutir. Nós estamos aguardando, e é um compromisso do presidente Rodrigo Pacheco, e ele lerá hoje a CPI. Depois nós teremos um prazo para indicar os membros. Aí os partidos, os blocos, vão discutir quem vai e quem não vai. E o senhor está pronto para assumir alguns desses postos, se assim o seu partido decidir? Isso é uma decisão que não é minha, não parte de mim. Ah, eu quero. Não é eu quero. Na última CPI que eu participei, que foi a CPI da Covid, existia um fato ali importante, que era o meu Estado, que tinha faltado oxigênio. Você lembra desse fato triste na história brasileira e na história do meu Estado? É lógico que eu tinha todo interesse, como também tenho interesse de punir. Porque, veja bem, não é o eleitor de A ou de B. Eu tenho interesse de punir esses terroristas, esses vândalos que depredaram os três poderes. E você vê que a polícia militar do DF ficou passiva a tudo aquilo que estava acontecendo. Tinha uma quantidade mínima de homens, botaram lá umas barreiras de cavalete, com três, quatro policiais ali que não conseguiam. Mas houve todo, desde a manhã do dia 8, havia um movimento. O secretário de Segurança estava em Miami nesse dia. Você acha que Anderson Torres é um dos primeiros nomes, por exemplo, que deveriam ser ouvidos pela CPMI? Ah, não tenho dúvida, ele vai ser ouvido.

Entrevistadora – Independente se o senhor está participando ou não, como é que não vai ouvir o Anderson Torres?

Omar Aziz –  Não só o Anderson Torres, mas membros do GSI, comandantes da polícia militar, empresários que foram financiadores disso, do Brasil todo. Então não vai ser uma coisa tão simples. Por isso que eu acho que essa CPMI, primeiro você tem que fazer o ordenamento. O que é que nós vamos investigar aqui? Porque você sabe como ela começa, mas não vai saber como vai ser o meio e o fim.

Ninguém quer criar uma instabilidade no país, ninguém quer apontar o dedo para ninguém, você está me entendendo? Porque é uma exposição muito grande. A exposição da CPI é muito maior que uma exposição que uma pessoa vai depor na Polícia Federal, correto? Como hoje inclusive acontece com o ex-presidente Bolsonaro, né, ele vai prestar um depoimento hoje à Polícia Federal. O ex-presidente seria também um nome a ser ouvido pela CPMI? Olha, você sabe que eu tenho divergências políticas com o ex-presidente Bolsonaro, e elas são públicas, não é uma coisa…. Agora, isso nós temos que analisar bem, ouvir ou não o presidente, veja bem. A presidência é uma instituição. O presidente Lula passou por esse tipo de constrangimento, muitas vezes. Ele passou por esses constrangimentos. Eu não sei até onde o presidente Bolsonaro está envolvido, então seria muito irresponsável se eu fizesse algum juízo de valor agora nesse momento. Mas acho que você não deve deixar de ouvir absolutamente ninguém, seja civil, militar, com patente ou sem patente, seja pobre, rico, que está envolvido nisso. E aí não se cita nomes, mas sim aqueles que participaram ativamente. Tem uma situação dita pelo senador Marcos Duval, não por mim, mas por ele, que é de conhecimento de vocês, que ele teve uma reunião em dezembro, levado pelo ex-deputado Silveira, para que gravasse o ministro Alexandre de Moraes, para tentar criar um clima de consternação daqueles que tinham votado, para insinuar que a eleição tinha sido fraudada. Se isso não é tentativa de golpe, eu não sei mais o que é, você está me entendendo?

Entrevistadora – Quando o senhor fala de escopo, claro que isso vai depender muito de como governo e oposição vão determinar aí o seu plano de ação, mas, por exemplo, o senhor defende que a CPI deve investigar até fatos anteriores, tipo ainda de 7 de setembro de 2021, quando o então presidente discursou em São Paulo atacando o Supremo, e aí depois o 7 de setembro de 2022, que deflagrou os acampamentos que resultaram nesses atos de 8 de janeiro, o senhor acha que ampliar nesse sentido é uma forma de interpretar e de levar as investigações a cabo na CPMI?

Omar Aziz – Tem que ser, você tem que investigar tudo. Você tem que investigar posicionamento, não reconhecimento da eleição, você tem que investigar uma série de fatos. Agora, nós não podemos ir para uma CPI para criar narrativa, porque eu já participei de uma CPI que se criava narrativa para gente que estava morrendo. Morria duas, três mil pessoas por dia no Brasil, mas se criava uma narrativa que ninguém era responsável por aquilo. E tem gente que acredita, e acredita até hoje. Então, veja bem, não pode ser uma versão de narrativa uma CPI, nem bate-boca histérico. E aí depende muito dos componentes. Não adianta estar fazendo live dentro, olha, porque nós estamos aqui, e colocar a bandeira em cima dos ombros, você também vai achar que é mais patriota do que os outros, achar que gosta mais do Brasil do que os outros gostam. Nós estamos falando de democracia, nós estamos falando de uma coisa que para nós era uma etapa vencida. Depois de 64, quase 30 anos de regime militar, para a gente era uma etapa vencida. Agora, não fomos nós que envolvemos as forças armadas nisso, e não dá para generalizar. Não dá para generalizar. Agora, querer imputar esse problema que aconteceu dia 8, esse grave problema que aconteceu, ao presidente Lula, que é isso, nessa narrativa que estão levando, aí é de uma desfaçatez muito grande. Então, nós temos que ver isso. Porque se ficar um jogo de narrativa, de bate-boca, não haverá investigação. Não é quem grita mais, quem fala mais alto, quem tem uma narrativa melhor. São fatos, não são versões, são fatos. São fatos que aconteceram, que nós assistimos. O dia 8 foi o dia que aconteceu, mas os dias que antecederam, ou os meses que antecederam, isso tem que ser visto. Não foi de graça que se colocou um caminhão com bomba, está certo? Não foi de graça que essas pessoas foram para a frente dos quartéis pedindo para os militares intervir. Não houve bom senso das forças armadas, no sentido de, não, a eleição acabou, vocês estão entendendo? Não houve. Mas, na verdade, é uma. As intenções deles eram muito claras para todos nós. As intenções eram que houvesse um golpe, e a tentativa de golpe foi. Olha, o povo está insatisfeito, invadiu o Congresso, invadiu o Supremo, então as forças armadas têm que intervir imediatamente, porque o Brasil virou um caos. Felizmente, o que aconteceu no mesmo dia, foi que o presidente Lula tomou providências, o mundo todo, as principais nações do mundo, coisa que nunca tinha sido visto antes, se posicionaram a favor da democracia brasileira, reconhecendo a vitória do presidente Lula. Isso foi muito importante do ponto de vista internacional. Então, se isolou, naquele momento, tanto nacionalmente como internacionalmente, se isolou esses golpistas. Mas eles não podem, não pode acontecer deles ficarem impunes ao que eles tentaram fazer. E eu espero que eles sejam punidos, e que sirva de exemplos para outros, porque todos nós somos brasileiros, nós queremos um Brasil melhor, ninguém aqui está torcendo por um Brasil pior. Agora, nós não podemos permitir que se crie uma narrativa falsa do que aconteceu dia 8 de janeiro. Então, eu acho que a CPI, principalmente quem estiver ali defendendo a democracia, defendendo a punição dos golpistas, é que essa narrativa de querer passar para a população que não foi tentativa de golpe, e sim uma armação do governo, porque o que se tenta passar aqui foi uma armação do G Dias, com não sei quem mais, com o Flávio Dino, para que criasse o caos, se está me entendendo, para prejudicar a A ou B. Aí não dá para passar essa narrativa.

Entrevistadora -A gente ouviu o senador Omar Aziz, que fala aqui conosco sobre a CPMI, que deve ser lida o requerimento de criação hoje lá pelo Congresso, pelo senador Rodrigo Pacheco.

Entrevistadora – O senhor não me respondeu se está pronto para assumir o posto, disse que não parte do senhor, mas vamos entender que a gente está aguardando os próximos passos de articulações e indicações pelos líderes.

Omar Aziz – Veja bem, eu sou parlamentar, temos 81 parlamentares no Senado e 513 deputados. Eu acho que todos têm obrigações dentro do Congresso Nacional. E o mandato tem o ônus e tem o bônus. E você tem que assumir isso. Então é obrigação, é nossa obrigação tentar esclarecer tudo para a população brasileira e dar a maior transparência possível nessa investigação. A questão de estar pronto ou não, acho que todos estão prontos para exercer qualquer função, até porque foram eleitos para isso. Agora daí eu dizer para você que eu vou para a CPI, primeiro, não sou só eu que tomo essa decisão, é o meu partido. Mas se convocado para ir, não tenha dúvida nenhuma que eu estarei pronto para estar lá.

A matéria é Radio Eldorado FM de São Paulo do grupo Estadão

https://www.estadao.com.br/eldorado/programas/jornal-eldorado/cpi-de-8-de-janeiro-se-convocado-para-integrar-comissao-estarei-pronto-afirma-senador-omar-aziz/

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