Manaus

A maior facção do tráfico do Rio faz alianças para usar rota da droga na Amazônia,diz o Globo

Bandidos de outros estados em especial do Norte e Nordeste tem como objetivo a exploração de uma rota denominada Solimões em alusão ao rio do Amazonas

Lancha blindada utilizada por traficantes em Tabatinga  apreendida pela Polícia Militar e Polícia Federal (Foto:SSP-AM)

Reportagem do jornal O Globo, edição deste domingo (16) aborda alianças da maior facção do tráfico do Rio com bandidos de outros estados em especial do Norte e Nordeste, que tem como um dos principais objetivos a exploração de uma rota denominada Solimões em alusão ao rio na Amazônia. O Globo informa que em pequenos barcos, utilizando ainda os rios Negro e Madeira, as quadrilhas trazem do Peru, da Bolívia e da Colômbia grandes quantidades principalmente de cocaína e Skank que são distribuídas para o restante do país ou enviadas à Europa. Investigações das polícias do Amazonas e do Pará apontam que cariocas vem explorando o percurso em parceria com criminosos da Região Norte.

A maior facção criminosa do Rio é a que domina o Pará e o Amazonas, estados que tem enviado traficantes para se esconderem em favelas fluminenses. Em ambos, parcerias fechadas por criminosos no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, foram cruciais para a consolidação do Comando Vermelho no Norte, de acordo com dados de inteligência. Em operação no mês passado, no complexo do Salgueiro em São Gonçalo nove traficantes paraenses foram mortos, entre eles Leonardo Costa Araújo, o Léo 41, que era presidente da filial da facção carioca em seu estado e considerado o criminoso mais procurado em sua terra natal. Em maio de 2022, em operação com 25 mortos no complexo da Penha, quatro eram paraenses e um amazonense. Três anos antes, o segundo homem na hierarquia da filial no Amazonas, Sílvio Andrade Costa, o Silvinho, já tinha sido preso no Rio.

O interesse da facção carioca pela rota do Norte do país tem relação com o assassinato na fronteira do Brasil com Paraguai. Em junho de 2016 Jorge Rafaat, conhecido como Rei da Fronteira, foi executado com 16 tiros. O bandido que controlava o tráfico de drogas na cidade de Pontaporã no Mato Grosso e Pedro Juan Caballero, no Paraguai, era grande fornecedor das quadrilhas do Rio. Com sua morte, uma facção paulista tomou o controle da fronteira, e os cariocas,sem espaço, passaram a buscar rotas alternativas.

Aliança com o Norte transformou o Rio num porto seguro para bandidos de fora. Os forasteiros começaram a chegar em 2019, quando o sistema prisional do Pará sofreu uma intervenção federal e a repressão ao tráfico foi intensificada diante dos ataques de agentes ou intensificada diante dos ataques a agentes de Segurança Pública. Segundo informações da polícia paraense, no início, os traficantes do Norte pagavam taxas para se esconder nas favelas fluminenses. Logo em seguida, no entanto, Léo 41, costurou uma aliança mais robusta, possibilitando que os traficantes do Rio explorassem a rota Solimões levar cocaína. Com isso, o criminoso conquistou relevância no tráfico do Rio chegando a ganhar duas comunidades em São Gonçalo.

A estimativa da polícia Civil do Pará é que 150 traficantes do estado do Norte estejam escondidos no Rio usando documentos de identidade falsos. Coordenadora do Grupo de Atuação Especial no Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Pará, a promotora Ana Maria Magalhães de Carvalho, reitera que o cenário que se desenhou no estado, com o aumento da repressão, foi fundamental para que os criminosos paraenses buscassem esconderijos distantes. Ela frisa que além do Rio, os bandidos migraram para o Amazonas e para Santa Catarina.

Eles (bandidos do Pará) fizeram uma verdadeira academia no Rio. A facção aqui é como se fosse uma franquia, com independência. Mas funciona como eles aprenderam no Rio. Claro que a contrapartida para estarem no Rio é dinheiro, são negócios. E conseguem, foragidos, continuar comandando o tráfico aqui – explica a promotora.

Investigações estudos acadêmicos demonstram que os carregamentos de drogas fazem escala em Manaus, capital do Amazonas, antes de chegarem as cidades paraenses. De lá, a droga é escoada para outros estados ou seguem para fora do país.

 A viagem internacional começa em contêineres no Porto de Vila do Conde, em Barcarena, no Pará, administrado pela Companhia Docas do Pará. Em julho do ano passado, foram apreendidos em Portugal, 320 quilos de cocaína escondidos em açaí congelado. O entorpecente tinha saído de Barcarena. Integrantes da quadrilha foram presos, entre eles um empresário paraense, capturado quando desembarcava no Rio de Janeiro. Segundo informações da Polícia Civil do Pará, traficantes cariocas já exploram essa rota internacional.

Em declaração para o jornal O Globo, o promotor de Justiça e coordenador do Centro do Gaeco do Amazonas, Igor Starling, diz que o interesse dos traficantes do Rio ao abrigar os criminosos foragidos de seu estado é o acesso a tríplice fronteira – ponto onde se encontram o Brasil ,Colômbia e Peru no Amazonas – e as rotas de drogas na região. Por outro lado, ao irem para o Rio, os amazonenses buscam uma aproximação com o chefe da facção do estado, além de se esconderem das autoridades e dos rivais. Em 2019, um racha na quadrilha que dominavam Amazonas, quase extinta hoje, abriu espaço para facção fluminense. Silvinho, ao ser preso no Rio estava jurado de morte em seu estado.

–  .  Starling explicou ao O Globo: aqui eles são decretados pelo outro lado, que paga prêmio pela morte deles. Então, eles ficam preocupados em serem presos e mortos pelos rivais. Investigações das polícias fluminense e amazonense apontam que, na aliança de Silvinho com traficantes cariocas, o amazonense usou a rota do Solimões para levar Skunk para o Rio. Para os investigadores, apesar da guerra com a facção paulista na fronteira com Paraguai, grande parte da maconha que entra no Rio ainda vem do país vizinho, mas por rotas alternativas.

Procurada pela reportagem de O Globo, a Companhia Docas do Pará informou que, quando há investigações em curso e a empresa é acionada, são realizadas operações conjuntas com a Polícia Federal e a Receita Federal observadas as competências institucionais de cada órgão

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https://oglobo.globo.com/rio/noticia/2023/04/rota-de-trafico-de-drogas-por-rios-na-amazonia-explica-a-alianca-entre-criminosos-do-rio-e-de-outros-estado.ghtml

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