A tragédia no Hospital Santa Julia: Justiça revoga proteção de médica investigada pela morte do menino Benício em Manaus
Desembargadora anula decisão que beneficiava profissional acusada de prescrever adrenalina incorretamente. Família clama por justiça enquanto técnica de enfermagem que aplicou medicamento também é investigada

O caso que chocou Manaus
O menino Benício morreu na madrugada de 23 de novembro no Hospital Santa Julia, em Manaus, após receber uma dose de adrenalina prescrita incorretamente. O caso envolve a médica Juliana Brasil Santos, que admitiu o erro em documentos encaminhados à polícia, e a técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva, responsável pela aplicação do medicamento. Ambas respondem ao inquérito em liberdade.
A família da criança acompanha cada etapa do processo com dor e indignação, cobrando celeridade nas investigações e punição para as responsáveis pela morte do menino.
Justiça revoga habeas corpus**
Nesta sexta-feira (12), a desembargadora Carla Maria Santos dos Reis revogou o habeas corpus preventivo que havia sido concedido à médica Juliana Brasil Santos. A magistrada fundamentou sua decisão na incompetência da Câmara Criminal para julgar o pedido, determinando que o caso deveria ter sido analisado inicialmente por um juiz de primeira instância.
Com a revogação, fica anulada a liminar anteriormente deferida pelo Juízo de Plantão, que garantia liberdade provisória à médica. A decisão representa um alívio para os familiares de Benício, que veem na medida um primeiro passo em direção à responsabilização dos envolvidos.
O apelo desesperado da família**
Desde a morte de Benício, os familiares da criança têm feito apelos públicos por justiça. Os pais do menino afirmam que não descansarão enquanto não houver uma punição exemplar para as responsáveis pelo erro médico que tirou a vida de seu filho.
“Perdemos nosso filho por um erro que poderia ter sido evitado. Queremos justiça, queremos que isso não aconteça com mais nenhuma família”, declarou a mãe de Benício em entrevistas anteriores, demonstrando a dor irreparável causada pela perda.
A família também tem cobrado das autoridades maior rigor na fiscalização de hospitais e clínicas, além de protocolos mais rígidos para evitar erros na prescrição e aplicação de medicamentos.
A confissão “no calor do momento”**
A médica Juliana Brasil admitiu o erro em documento oficial enviado à polícia e em mensagens de celular nas quais pediu ajuda ao médico Enryko Queiroz. Apesar da confissão registrada, a defesa da profissional argumenta que as declarações foram feitas “no calor do momento”, em meio ao desespero após a morte da criança.
Para a família de Benício, a tentativa de minimizar a confissão é vista como uma manobra jurídica que desrespeita a memória do menino e a busca por verdade e justiça.
As investigações apuram as circunstâncias que levaram à prescrição inadequada do medicamento e à sua posterior aplicação.
Falha no procedimento jurídico
Segundo especialistas consultados, o habeas corpus deveria ter seguido o trâmite processual correto, conforme previsto no Código de Processo Penal. A norma estabelece que esse tipo de pedido deve ser analisado primeiramente por um juiz de primeira instância, evitando que o processo “pule etapas” no sistema judiciário brasileiro.
A desembargadora Carla Maria Santos dos Reis acolheu esse entendimento ao não reconhecer a competência da Câmara Criminal para julgar o pedido de habeas corpus preventivo.
Duas profissionais investigadas**
O inquérito policial investiga tanto a médica Juliana Brasil Santos quanto a técnica de enfermagem Raiza Bentes Paiva. Enquanto a primeira responde pela prescrição incorreta da adrenalina, a segunda é investigada por ter administrado o medicamento na criança.
As duas profissionais continuam respondendo ao processo em liberdade, situação que gera revolta nos familiares de Benício, que consideram a medida branda diante da gravidade do caso.
