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Comando Vermelho do Amazonas paga até R$ 150 mil mensais para se esconder em favelas do Rio

Operação policial revela esquema de “condomínio do crime” nos complexos da Penha e Alemão

Foto: Pedro Kirilos/Estadão

Líderes do Comando Vermelho (CV) que atuam na Amazônia estão pagando valores entre R$ 50 mil e R$ 150 mil mensais para se abrigar em esconderijos controlados pela facção nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro. A revelação foi feita com base em informações exclusivas de inteligência obtidas pelo jornal O Estado de S. Paulo.

“Home office” do crime

O esquema funciona como um verdadeiro “condomínio do crime”, onde traficantes de estados como Amazonas, Pará e Ceará comandam suas operações criminosas à distância. Os valores pagos incluem:

Abrigo seguro nas comunidades

Escolta armada 24 horas

Proteção contra operações policiais

Infraestrutura para comandar negócios criminosos remotamente

Megaoperação tem resultado expressivo

A Operação Contenção, realizada esta semana com 2,5 mil policiais, resultou em:

121 mortos (99 já identificados)

113 suspeitos presos

90 fuzis apreendidos

9 chefes do tráfico de diversos estados entre os mortos

Apesar dos números, o principal alvo, Edgar Alves de Andrade, conhecido como “Doca” ou “Urso”, conseguiu fugir.

Amazonas tem 13 líderes escondidos no Rio

“Chamamos lá de ‘condomínio do crime’. O Comando Vermelho no Amazonas tem 13 líderes. A informação é de que todos estão na Penha ou no Alemão”, revelou Marcus Vinícius Almeida, secretário de Segurança do Amazonas.

Entre os principais nomes estão:

Silvio Andrade Costa (“Barriga”) – principal liderança do CV no Amazonas

Caio Cardoso dos Santos (“Mano Caio”) – integrante da alta cúpula

Criminosos mortos na operação

Sete amazonenses foram identificados entre os mortos, incluindo:

Douglas Conceição (“Chico Rato”) – liderança em regiões de Manaus

Francisco Myller (“Gringo”) – controlava territórios na capital amazonense

Segundo o promotor Leonardo Tupinambá, do Gaeco-AM, estes criminosos continuavam exercendo controle à distância, ordenando execuções “com requintes de crueldade”.

Domínio territorial do CV

O relatório da Abin revela que o CV está presente em quase todos os estados brasileiros. No Amazonas especificamente:

Controla 90% dos territórios

Possui ao menos 10 mil soldados ativos

Domina a rota do Rio Solimões

Disputa apenas poucas cidades, como Coari, com o PCC

Migração intensificada nos últimos anos

A fuga de criminosos para o Rio se intensificou após prisões em outros países:

2023: Prisão de Ocimar Prado Junior (“Coquinho”) no Paraguai

Complexos cariocas vistos como “impenetráveis” pela polícia

Características geográficas das favelas facilitam proteção

Origem geográfica dos mortos

Dos 99 mortos identificados, 40 eram de outros estados:

Pará: 13 mortos

Amazonas: 7 mortos

Bahia: 6 mortos

Ceará: 5 mortos

Outros estados: 9 mortos

Críticas de especialistas

Especialistas questionam a efetividade da operação:

Jacqueline Muniz (UFF): “O prejuízo ao CV é pontual. É importante, mas não substitui nem paga as vidas perdidas.”

Instituto Sou da Paz: “O enfrentamento do crime organizado depende mais de investigações profundas e operações focadas do que de ofensivas violentas.”

Luiz Fábio Paiva (UFC): “São intercâmbios criminosos que o Estado demorou muito para agir.”

Informações baseadas em reportagem exclusiva do jornal O Estado de S. Paulo

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