Trabalhadores do Polo Industrial de Manaus: Perfil, Funções e Impacto Econômico

Por Larissa Caetano
O Polo Industrial de Manaus (PIM) é um dos maiores centros industriais do Brasil, abrigando uma ampla variedade de empresas e segmentos produtivos. Sua importância econômica é inegável, e para entender como a região se desenvolve e se adapta ao longo do tempo, é essencial analisar o perfil dos trabalhadores da Zona Franca de Manaus.
Atualmente, o Polo Industrial conta com 521 empresas incentivadas, que geram cerca de 500 mil empregos, incluindo postos diretos e indiretos, segundo dados da Suframa (Superintendência da Zona Franca de Manaus).
Além disso, de acordo com os levantamentos mais recentes da Suframa, até maio de 2025, o PIM apresentou um crescimento de 14,08% no faturamento, alcançando R$ 93,34 bilhões. Esse crescimento está associado à geração de mais de 130 mil novos postos de trabalho diretos.
De onde vêm os trabalhadores do Polo Industrial de Manaus?
O trabalhador do Polo Industrial de Manaus é caracterizado por uma diversidade de perfis e histórias.
Historicamente, diversos bairros de Manaus têm seu desenvolvimento diretamente relacionado ao fornecimento de mão de obra para o polo industrial, especialmente na zona leste da cidade. Bairros como Coroado, São José Operário e Distrito Industrial são exemplos de áreas que abastecem o setor com trabalhadores para as empresas da Zona Franca.
Embora ainda não existam dados exatos sobre a proporção de trabalhadores que vêm de outras regiões, é evidente que há uma migração significativa para Manaus em busca de oportunidades no parque industrial. No último censo do IBGE, realizado em 2022, foi verificado que a maior parte dos migrantes que chegam à cidade provém dos estados de Rondônia, Acre, Roraima e Pará.
A maioria desses trabalhadores está concentrada em funções operacionais nas fábricas, embora uma parcela significativa também atue no comércio, serviços e setores administrativos.
Outro ponto relevante é a presença crescente de trabalhadores temporários, contratados para suprir demandas sazonais, especialmente durante picos de produção.
Paralelamente, observa-se uma valorização da mão de obra qualificada, com uma crescente demanda por qualificações técnicas e gerenciais, o que exige profissionais com habilidades mais especializadas.
Desafios e Benefícios ao Trabalhar no Polo Industrial de Manaus Alguns relatos de trabalhadores indicam que a rotatividade pode ser alta em determinados setores, especialmente aqueles com condições de trabalho mais desafiadoras. No entanto, o PIM também abriga empresas com longa tradição, e há trabalhadores que permanecem por muitos anos em suas funções.
Embora não exista um número exato sobre o tempo médio de atuação dos trabalhadores no PIM, sabe-se que essa informação pode variar bastante, dependendo da empresa e do setor em questão.
De acordo com a Suframa, as empresas do PIM são obrigadas a oferecer uma série de benefícios sociais aos trabalhadores, como incentivos para educação, transporte, alimentação, assistência médica e odontológica, creche, lazer e previdência.
Esses benefícios são requisitos a serem observados quando as empresas apresentam seus projetos industriais ao Conselho de Administração da Suframa (CAS), um órgão composto por representantes de diversos ministérios do governo federal e responsável pela deliberação dos investimentos na Zona Franca de Manaus.

Média Salarial
Os salários dos trabalhadores do Polo Industrial de Manaus variam de acordo com a função exercida. Segundo os Indicadores de Desempenho do PIM (2020-2025), até maio de 2025, a distribuição dos salários é a seguinte:
- Até 1,5 salário mínimo: 37.935 trabalhadores
- Até 2 salários mínimos: 26.617 trabalhadores
- Até 4 salários mínimos: 31.294 trabalhadores
- Até 6 salários mínimos: 7.424 trabalhadores
- Até 10 salários mínimos: 4.870 trabalhadores
- Até 15 salários mínimos: 1.690 trabalhadores
- Acima de 15 salários mínimos: 1.006 trabalhadores

Mulheres no Polo Industrial de Manaus
Em levantamento mais recente, foi constatado que aproximadamente 35.598 mulheres desempenham papéis essenciais no PIM. Elas estão operando máquinas, liderando equipes e desempenhando funções de grande importância dentro das empresas.
A participação das mulheres no Polo Industrial tem variado entre 26% e 28% do total de empregados. Entre 2019 e 2024, houve um leve crescimento na participação feminina, com o pico em 2022, quando a participação atingiu 28,19%. Nos anos seguintes, essa porcentagem se estabilizou.
Em maio de 2025, o PIM contava com 131.550 trabalhadores, entre efetivos, temporários e terceirizados, um crescimento de 7,82% em relação ao mesmo mês de 2024, quando havia 120.995 trabalhadores.
Quem Forma os Trabalhadores do Polo Industrial de Manaus? Embora não exista um mapeamento formal que identifique com precisão o número de trabalhadores e as instituições responsáveis pela sua formação no PIM, algumas instituições desempenham um papel crucial na qualificação da força de trabalho local.
O Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI), por exemplo, oferece uma vasta gama de cursos técnicos e programas de qualificação profissional, com foco nas necessidades do PIM. Seus cursos capacitam profissionais para
diversas áreas, como eletroeletrônica, informática, mecânica, automação, entre outras, sempre alinhados às demandas do setor industrial.
O Instituto Federal do Amazonas (IFAM) também se destaca ao oferecer cursos técnicos e de graduação em áreas fundamentais para o PIM, como engenharia, tecnologia da informação, gestão e logística.
A Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) tem promovido programas de qualificação profissional em parceria com empresas locais e instituições educacionais. Esses programas visam capacitar a mão de obra e alinhar as habilidades dos trabalhadores com as exigências do mercado.
Além disso, as universidades de Manaus, como a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), desempenham um papel crucial na formação de engenheiros, pesquisadores e outros profissionais de nível superior.
Esses profissionais atuam no Polo Industrial em áreas como pesquisa, desenvolvimento, inovação e gestão de projetos, impulsionando a competitividade e a sustentabilidade do polo.

Desafios e Perspectivas Futuras
De acordo com o superintendente da Suframa, Bosco Saraiva, “o avanço da automação industrial traz importantes desafios para o Polo Industrial de Manaus (PIM), especialmente no que diz respeito à modernização dos processos produtivos e à necessidade crescente de qualificação da mão de obra”.
Ele ressalta que é essencial “promover uma transição tecnológica que também fortaleça as capacidades técnicas dos trabalhadores da região”.
A Suframa, conforme destacado por Bosco Saraiva, “reconhece a importância desse processo” e, por meio da política de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), com recursos da Lei de Informática, tem apoiado iniciativas voltadas à capacitação profissional.
“Essa ação ocorre em parceria com instituições de ensino, centros de pesquisa e empresas do setor”, explica o superintendente.
Ele ainda complementa que “a integração entre inovação tecnológica e qualificação é fundamental para ampliar a competitividade do PIM e preparar sua força de trabalho para os novos requisitos da indústria”, apontando que essa estratégia visa posicionar o Polo Industrial de Manaus “entre os mais avançados do mundo”.