Omar Aziz diz que CPI do INSS não será palco de perseguições políticas

Futuro presidente da CPMI,Omar Aziz rechaça comparação com comissão da Covid feita por bolsonaristas que apostam em desgaste do governo Lula e pretende discutir relatoria nesta semana com Hugo Motta
Escolhido presidente da Comissão Parlamentar de Investigação Mista do INSS, o senador Omar Aziz (PSD-AM), aliado do presidente Lula, tem sinalizado no Congresso que as apurações não serão palco de “perseguições políticas” nem se debruçarão sobre governos específicos, mas sim sobre a estrutura de corrupção que subtraiu dinheiro de pensionistas ao longo de diferentes gestões. As falas servem de aceno ao Palácio do Planalto no momento em que a tropa de choque bolsonarista aposta na comparação do colegiado com a CPI da Covid, presidida pelo próprio Aziz em 2021, para deteriorar ainda mais a aprovação do governo.
Aliados de Jair Bolsonaro no Congresso dizem acreditar que a comissão para apurar os descontos indevidos do INSS tem o potencial de causar forte desgaste no governo Lula, assim como ocorreu com Bolsonaro no caso da CPI da Covid, que investigou os desmandos de sua gestão no combate ao coronavírus. O senador Omar Aziz, porém, rechaça a comparação.
“Era diferente. Era uma investigação que naquele momento estava dentro de um governo [específico, o de Bolsonaro]. Agora, não. Passa por vários governos. Não há a menor possibilidade de você apontar o dedo irresponsavelmente e sair acusando as pessoas”, garante Omar à jornalista Malu Gaspar de O Globo, que descarta a possibilidade da comissão agravar a aprovação de Lula.
“Não é contra o governo Michel Temer, Dilma Rousseff, Lula e Bolsonaro. É contra pessoas que estavam dentro do governo. Não creio que um presidente da República tenha sentado para fazer acertos com qualquer sindicato de pensionistas e aposentados ou coisa parecida. Nós vamos investigar profundamente, porque as informações que nós estamos recebendo são as piores possíveis”.
Sob reserva, senadores bolsonaristas que integraram a CPI da Covid e demais parlamentares aliados do ex-presidente discordam da avaliação de Aziz e argumentam que, se por um lado o colegiado foi impulsionado pela comoção da sociedade em torno do sofrimento provocado pela pandemia e pelas mortes em decorrência da doença, o caso do INSS abarca um duro impacto econômico sobre uma população idosa e vulnerável.
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Equilíbrio
O bolsonarismo aposta na escolha de um relator do PL. A definição caberá à Câmara dos Deputados, já que o Senado ficou com a presidência da CPI.
Omar Aziz declarou que conversará sobre o assunto nesta semana com o presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), que retornou de Portugal após participar do Fórum de Lisboa – o “Gilmarpalooza”. Ele evitou, porém, especular sobre o nome a ser escolhido.
“Estamos avaliando. Agora, cabe à Câmara escolher o relator. O que a Câmara decidir eu vou acatar”, despistou. “Qualquer relator tem que ter o equilíbrio necessário, se aprofundar bastante e tentar não levar para o lado político. Ele fará o plano de trabalho, que deverá ser aprovado e incluir nossas sugestões”.
A oposição, por sua vez, planeja convocar os ex-presidentes do INSS nos últimos quatro governos, incluindo Alessandro Stefanutto, investigado pela Polícia Federal (PF), sem poupar quem não é citado formalmente nas apurações até o momento, como Carlos Lupi – ministro da Previdência que pediu demissão a contragosto após forte pressão do Palácio do Planalto. O episódio levou à saída do PDT da base de Lula na Câmara.