PF apreende quase R$ 1 bilhão de bens de grupo suspeito de comercializar créditos de carbono ilegais
Servidores facilitavam emissão de licenças ambientais fraudulentas, suspensão de multas e autorizações irregulares para desmatamento. Operação ocorre no Amazonas e outros dois estados, nesta segunda (9dez.2024)

A Polícia Federal (PF) apreendeu e bloqueou, nesta segunda-feira (9), bens avaliados em quase R$ 1 bilhão pertencentes a uma organização criminosa suspeita de vender ilegalmente créditos de carbono de áreas da União. A ação é realizada no Dia Internacional Contra a Corrupção.
As ações mais recentes de investigação revelaram que servidores do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (IPAAM) que ocupavam cargos estratégicos e de direção facilitavam a emissão de licenças ambientais fraudulentas, a suspensão de multas e autorizações irregulares para desmatamento.
A operação Expurgare, terceira fase da operação Greenwashing, ocorreu simultaneamente em Rondônia, Amazonas e Pernambuco. São cumpridos mandados de busca e apreensão e de prisões preventivas, expedidos pela 7ª Vara Federal Criminal da Subseção Judiciária de Manaus (AM).
Entenda o esquema
A primeira fase da operação Greenwashing, realizada pela PF em junho deste ano, revelou um esquema de fraudes fundiárias que teve início no município de Lábrea (AM) e se estendeu por mais de uma década.
Entre 2016 e 2018, a organização criminosa passou a reutilizar títulos de propriedade e a inserir dados falsos no Sistema de Gestão Fundiária (Sigef) com a ajuda de servidores públicos e responsáveis técnicos.
Na segunda fase da operação, realizada em agosto deste ano, os bens dos investigados foram bloqueados após os suspeitos tentarem comprar apartamentos na planta, avaliados em R$ 15 milhões e solicitarem a rescisão contratual do depósito em contas de terceiros, com o objetivo de esconder patrimônio.
Nos últimos três anos, uma nova expansão das atividades ilícitas do grupo ocorreu na região de Apuí e Novo Aripuanã, ambos os municípios do interior do Amazonas.