Brasil

Senado aprova Gabriel Galípolo para a presidência do Banco Central

Ele foi indicado pelo presidente Lula para substituir Roberto Campos Neto a partir de janeiro

O economista Gabriel Galípolo foi aprovado, nesta terça-feira, pelo plenário do Senado para assumir a presidência do Banco Central a partir de janeiro de 2025. Em votação secreta, foram 66 votos a favor e 5 contra a sua nomeação. Mais cedo, Galípolo já tinha passado pelo crivo da Comissão de Assuntos Econômicos (CAE) do Senado por unanimidade (26 votos), após uma sabatina que durou cerca de 4 horas.

Galípolo foi indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva no fim de agosto para assumir a cadeira de Roberto Campos Neto, cujo mandato, pela lei de autonomia do BC, se encerra em 31 de dezembro deste ano.

Portanto, até o fim do ano, o BC terá dois presidentes aprovados, embora só um com mandato. Essa é a primeira transição na chefia da autarquia da lei de autonomia, que prevê mandatos não coincidentes com o presidente da República.

Ele enfrentou escrutínio do Senado pela segunda vez. No ano passado, também passou com tranquilidade pela sabatina para a diretoria de Política Monetária do BC, cargo que ocupa desde julho de 2023. Antes, era número 2 de Fernando Haddad no Ministério da Fazenda.

O consenso a favor de seu nome na CAE mostra como Galípolo conseguiu, desde sua primeira indicação ao BC, conquistar o respeito de políticos e integrantes do mercado financeiro. Na sabatina, ele recebeu elogios de vários expoentes da oposição ao governo atual, como Carlos Portinho (RJ), líder do PL, partido de Jair Bolsonaro, no Senado.

O escolhido de Lula para presidência do BC visitou cerca de 50 senadores no tradicional ritual de beija-mão que antecede a sabatina.

Na Faria Lima, porém, Galípolo ainda terá de se provar independente dos desejos do governo, apesar de ter votado em conjunto com Campos Neto em quase todas as decisões do Comitê de Política Monetária (Copom). A única exceção foi a fatídica reunião de maio deste ano, quando houve um racha entre os diretores indicados pelo governo atual e aqueles que já estavam no colegiado na gestão de Jair Bolsonaro.

Em setembro, último encontro do Copom, Galípolo votou junto com os demais membros do Copom pela retomada do ciclo de alta da taxa Selic. Houve aumento de 10,50% para 10,75% ao ano.

Na sabatina nesta terça-feira, Galípolo disse que o chefe do Executivo garantiu a ele “liberdade na tomada de decisões” e negou que tenha sofrido qualquer pressão do petista.

— Eu realmente jamais sofri nenhuma pressão. Todas as vezes que o presidente me encontrou ou me ligou, ele me disse: “comigo você vai ter toda tranquilidade, jamais vou te perguntar antes, jamais vou fazer qualquer tipo de interferência, você vai ter todo tipo de liberdade para tomar a decisão de acordo com o seu juízo. Eu vou respeitar sempre”.

O atual diretor ainda disse que pode ter frustrado a expectativa de quem achava que o BC viveria um “reality show” com a sua entrada na diretoria em um momento em que Roberto Campos Neto, alvo frequente das críticas de Lula, ainda liderava o órgão.

Ele também fez uma ‘mea culpa’ por não ter atuado pela relação entre o Banco Central e o Poder Executivo não tenha sido ainda maior.

— Até me ressinto aqui e faço uma mea culpa. Gostaria de, dentro das minhas funções, ter colaborado para que essa relação entre o BC e o Executivo fosse melhor ainda do que tem sido — disse, completando que, no âmbito institucional, a relação tem sido perfeita.

Galípolo acumula experiências no setor público e privado, sendo reconhecido por ser uma das figuras chaves para intermediar a relação entre a campanha do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva com atores do mercado financeiro, nas eleições de 2022.

Ele atuou de 2017 a 2021 como presidente do Banco Fator. É formado em Ciências Econômicas e mestre em Economia Política pela PUC de São Paulo, instituição na qual também foi professor nos cursos de graduação, de 2006 a 2012. Além disso, lecionou no MBA de PPPs e Concessões da FESPSP (Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo).

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