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Festival de Parintins começa nesta sexta-feira (28

Festa, que põe frente a frente os bois Caprichoso e Garantido, segue até domingo (30

O 57º Festival Folclórico de Parintins tem início nesta sexta-feira (28) e segue até domingo (30), no município situado no interior do Amazonas. O espetáculo, que põe os bois Caprichoso e Garantido frente a frente, acontece há mais de 50 anos. A história dos bumbás, no entanto, remete ao início do Século XXI, uma tradição centenária que se mantém viva no imaginário popular.

O ano era 1913 quando membros de famílias distintas em Parintins tornaram-se protagonistas. De um lado da cidade, na baixa do São José, o jovem pescador Lindolfo Monteverde dava vida ao Boi Garantido, de cores vermelho e branco, que o acompanhava em pensamentos desde as brincadeiras de infância.

No mesmo ano, no outro lado da cidade, na Região Central de Parintins, guiados por criatividade, Roque Cid e seus irmãos, inspirados pelo bumba meu boi do Maranhão, fizeram surgir um touro negro, cheio de vitalidade, batizado de Boi Caprichoso, representado pelas cores azul e branco.

Em pouco tempo, os bois conquistaram os moradores de Parintins. A brincadeira tomava conta das ruas do município e, aos poucos, moldavam o que viria a ser a maior manifestação cultural do Norte do Brasil. A rivalidade, no entanto, só ganharia protagonismo mais de 50 anos depois.

Início do festival

Em 1965, um grupo de jovens católicos e os padres da cidade decidiram fazer uma campanha para arrecadar fundos para a construção da Catedral Nossa Senhora do Carmo, padroeira de Parintins. Na primeira edição, um festival apenas de quadrilhas. Um ano depois, os dois bois foram convidados para participar do evento, dando origem ao que se conhece hoje como Festival Folclórico de Parintins.

Com o passar do tempo, o espetáculo produzido pela imaginação dos artistas parintinenses ganhou o Brasil e o mundo e exportou a cultura dos bumbás para além fronteiras.

Os dois grandes grupos de “bois” começaram a representar, nas ruas de Parintins, o folclore do boi-bumbá, uma variação do bumba-meu-boi do Maranhão, que no Amazonas ganhou características próprias, incorporando as lendas e rituais dos povos originários e da cultura popular da Amazônia.

A festa cresceu tanto que em 1988, o próprio Governo do Amazonas construiu o Bumbódromo, uma arena de espetáculo no formato da cabeça de boi, dividida em azul e vermelho, para a disputa. Com o passar do tempo, no entanto, o local ficou pequeno diante da grandiosidade do evento e, este ano, passou por reformas para aumentar a capacidade de público.

Como funciona a disputa

O Festival Folclórico de Parintins ocorre tradicionalmente no último fim de semana do mês de junho. Dividido em três noites, cada boi entra no bumbódromo para apresentações que tem o tempo mínimo de 2 horas e o tempo máximo de 2 horas e 30 minutos.

Enquanto um boi se apresenta, a ‘galera’ do boi adversário, nome dado a torcida da agremiação, deve permanecer em silêncio. Caso haja manifestação da outra parte, o boi pode ser punido.

Todos os anos, os bumbás montam suas apresentações baseados em temas. Este ano, o Caprichoso entra na disputa apresentando o tema “Cultura – O Triunfo do Povo”. Já o Garantido leva para o bumbódromo o tema “Segredos do Coração”.

Para ilustrar musicalmente o tema que cada boi leva para a arena, as agremiações lançam, anualmente, um álbum com cerca de vinte ‘toadas’, como são chamadas as músicas de boi-bumbá. Durante o espetáculo, no entanto, o bumbá é livre para utilizar toadas tanto de anos anteriores como do álbum atual.

Paralelamente ao tema, ambas as agremiações encenam durante as três noites o ‘auto do boi’. A encenação conta a história de Mãe Catirina e Pai Francisco, um casal de escravos. Ela, grávida, tem o desejo de comer língua de boi. Para satisfazer o desejo da esposa, Pai Francisco, então, mata o boi favorito da sinhazinha da fazenda, que fica em prantos ao ver seu animal morto. Furioso, o pai da sinhazinha, chamado de amo do boi, jura o escravo de morte. Desesperado, Pai Francisco e Mãe Catirina recorrem ao pajé, que com a magia da floresta, ressuscita o boi, trazendo de volta a alegria para a fazenda.

O espetáculo de cada boi no Bumbódromo é complexo e envolve 21 quesitos, chamados de ‘itens’, além de outros segmentos não julgados, como Pai Francisco e Mãe Catirina.

Os itens são divididos em blocos, de acordo com suas características. O “Bloco A” compreende quesitos comuns e musicais; o “Bloco B”, itens relativos à cenografia e coreografia; e o “Bloco C” reúne a parte artística do evento.

A decisão da disputa está nas mãos de jurados, dentre os quais: um é o presidente da comissão de júri; três julgam o Bloco A (os sete itens presentes nele); três julgam o Bloco B (os sete itens presentes nele); e os outros três, o Bloco C (os sete itens presentes nele). Cada noite é avaliada separadamente.

A apuração ocorre sempre na segunda-feira, na parte da tarde, após o último dia de festa. Das três notas dadas a cada item, é descartada a menor. Vence o festival o boi que acumular mais pontos no somatório de todos os blocos em todas as noites. Ao todo, os jurados julgam 21 itens, sendo individuais e coletivos:

Apresentador;

Levantador de toadas;

Batucada ou Marujada;

Ritual indígena;

Porta-estandarte;

Amo do boi;

Sinhazinha da fazenda;

Rainha do folclore;

Cunhã-poranga;

Boi bumbá (evolução);

Toada (letra e música);

Pajé;

Tribos indígenas;

Tuxauas;

Figura típica regional,

Alegorias;

Lenda amazônica;

Vaqueirada;

Galera;

Coreografia; e

Organização do conjunto folclórico.

Com informações do G1 Amazonas

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