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Valor Econômico__Havia um pacto entre Bolsonaro, governador do DF e polícias, diz Lula sobre atos do 8 de janeiro

Em entrevista ao ‘O Globo’, presidente disse ainda que recebeu informações incorretas do ministro da Defesa sobre aquele dia

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou que não recebeu as informações corretas do ministro da Defesa, José Múcio, sobre o risco de ataques golpistas e disse que não imaginava as invasões nos Três Poderes, em Brasília, em 8 de janeiro de 2023. Em entrevista ao jornal “O Globo”, publicada na tarde desta sexta-feira (5), Lula afirmou que antes mesmo dos atos golpistas houve um “pacto” entre o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), o governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), o Exército e a Polícia do Distrito Federal durante os ataques a Brasília em 12 de dezembro de 2022, quando foi diplomado. Nessa data, bolsonaristas queimaram veículos e tentaram invadir a Polícia Federal.

“Tinha havido aquela atuação canalha que envolveu inclusive gente de Brasília, quando tacaram fogo em ônibus no dia em que fui diplomado. Eu estava no hotel assistindo a eles queimando ônibus, carros, e a polícia acompanhando sem fazer nada. Havia na verdade um pacto entre o ex-presidente da República [Jair Bolsonaro], o governador de Brasília [Ibaneis Rocha] e a polícia, tanto a do Exército quanto a do DF [Distrito Federal]. Isso havia, inclusive com policiais federais participando”, disse Lula ao jornal “O Globo”.

“Ou seja, aquilo [atos golpistas] não poderia acontecer se o Estado não quisesse que acontecesse.”

Na entrevista, o presidente afirmou que imaginava uma tentativa de golpe durante sua posse, em 1º de janeiro, o que não aconteceu. Lula relatou seu incômodo com os acampamentos montados por bolsonaristas radicais em frente a quarteis e disse que antes de viajar para Araraquara (SP) no dia 8 de janeiro, conversou com o ministro da Defesa e não foi informado sobre a possibilidade de ataques. Durante os atos golpistas, o presidente estava na cidade do interior paulista, comandada por Edinho Silva (PT).

“Antes de viajar para São Paulo, conversei com o ministro Múcio, ele disse que estava tranquilo, que as pessoas iam sair. Viajei tranquilo. Não me passava pela cabeça que eu ia ser pego de surpresa com aquela manifestação”, disse Lula, na entrevista.

“Sinceramente, não tive as informações corretas que tinha possibilidade de acontecer aquilo. Tinha informação de que acampamentos estavam acabando, mas depois tive informação que, no sábado, começou a chegar gente de ônibus nos acampamentos. Não imaginei que pudessem chegar à invasão.”

O presidente disse que é preciso levar “muito a sério” a democracia e afirmou que nunca tinha vivido uma situação parecida, mesmo durante a ditadura militar.

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