Amazonas

Comando Vermelho domina Amazonas e rivaliza com PCC

Além de drogas, facções disputam na Amazônia territórios e ganhos com garimpo ilegal e desmatamento.

São 33,8 para cada 100 mil habitantes que têm morte violenta intencional no Norte

Numa noite de julho de 2017, Adriana Monteiro da Cruz fechava sua barraca de churrasquinho no bairro Novo Aleixo, em Manaus (AM), quando dois homens armados se aproximaram e dispararam tiros contra ela. A vendedora autônoma morreu com perfurações no tórax e no abdômen. O Ministério Público do Amazonas apontou que o assassinato foi ordenado por Clemilson dos Santos Farias, o Tio Patinhas, um dos líderes do Comando Vermelho no Estado. Foi por meio de execuções sumárias, intimidações, motins em presídios e repasses ilegais de dinheiro que a facção ampliou, nos últimos anos, sua presença no Amazonas.

A execução no Novo Aleixo ilustra o avanço no Amazonas. Investigadores da Polícia Civil concluíram que Adriana morreu por engano: o alvo era a irmã dela, Simone Monteiro da Cruz, casada com Francis Olumuyiwa Olufunwa, um dos líderes da facção Família do Norte (FdN).

 O crescimento do Comando Vermelho no Amazonas ocorre numa situação de aumento da violência. Em 2022, os Estados da Amazônia Legal registraram uma taxa de mortes violentas intencionais de 33,8 para cada 100 mil habitantes. No País, o índice foi de 23,3 homicídios para cada 100 mil. É tempo ainda de aumento do número de presos. Os especialistas em segurança pública observam que as cadeias do Norte se tornaram centros de recrutamento para as facções – da mesma forma que em outras regiões do Brasil.

De 2016, até o primeiro semestre deste ano, a população carcerária na Região Norte cresceu 21,9%, mais que a média nacional (18,8%). Hoje, são 63,5 mil encarcerados, sendo 10,6 mil só no Amazonas. Os dados foram compilados a partir de informações do Sistema de Informações do Departamento Penitenciário Nacional (Sisdepen), mantido pelo Ministério da Justiça.

No começo deste ano, a Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) do Amazonas detalhou a atual guerra entre CV e PCC no Estado ao pedir a transferência de Patinhas para um presídio federal – o pedido aguarda decisão da Justiça. Segundo documento do órgão, o CV tornou-se dominante a partir de 2020, ao vencer a Família do Norte. Como resposta, pequenos grupos criminosos remanescentes da FdN e recém-surgidos passaram a se aliar ao PCC. Em julho, a briga entre CV e PCC resultou em dois assassinatos dentro de prisões.

“O PCC está em Manaus, e a chegada dele se deu por um racha (dentro do Comando Vermelho), liderado pelo bandido ‘Cascudo’. Ele não aceitou ser chamado a atenção pelo Conselho (grupo que comanda o CV), e então rompeu com o CV do Amazonas, se aproximou do PCC e levou com ele vários outros integrantes que eram do CV ou que já foram da Família do Norte”, afirma o geógrafo Aiala Colares de Oliveira Couto, que é professor da Universidade do Estado do Pará e integra o Fórum Brasileiro de Segurança Pública. “Tem vários bairros (em Manaus) que hoje estão sob o comando do PCC. Esse racha se deu não tem nem um ano.”

No momento, o líder máximo do CV no Amazonas é o traficante Gelson Carnaúba, conhecido como “Mano G”. Antes de integrar o CV, Carnaúba foi um dos fundadores da Família do Norte. Ele é acusado de comandar uma chacina no Complexo Penitenciário Anísio Jobim, o Compaj, em 2002, quando 12 presos foram mortos pelo CV.

A reportagem completa é do estadão e pode ser acessada pelo link a seguir:

https://www.estadao.com.br/politica/comando-vermelho-passou-a-dominar-o-amazonas-apos-derrotar-faccao-local-e-agora-disputa-area-com-pcc/

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