Nas Entrelinhas

Prefeitos do Amazonas já gastaram quase R$ 2,7 milhões em cachê para Zé Vaqueiro

Mesmo com o estado do Amazonas em situação de emergência por conta da seca histórica, que afeta muitos municípios, algumas prefeituras municipais têm gastado em cachês de quase meio milhão de reais ao cantor de forró, Zé Vaqueiro. Ao todo, divulgado até o momento, já foram R$ 950 mil só durante o período de calamidade.

O contrato mais recente que foi divulgado pelo Diário Oficial Eletrônico (DOE) dos Municípios foi feito pela Prefeitura de Manacapuru (a 99 quilômetros de Manaus). O cantor Zé Vaqueiro foi contratado pelo valor de R$ 490 mil, por meio de uma Ratificação de Inexigibilidade de Licitação, para realizar seu show na I Feira Agropecuária de Manacapuru.

Em vários dos municípios, os rios atingiram a cota mínima histórica – no contexto amazônico, isto significa que há dificuldades para transporte de pessoas e acesso a mercadorias. Na capital, Manaus, a estiagem já é a pior registrada em 121 anos. O rio Negro está com o menor volume de água desde 1902, quando as medições começaram a ser registradas.

Na semana passada, o governo federal anunciou ações que somam R$ 628 milhões para combater os efeitos da estiagem no Estado. As ações foram detalhadas pelo vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), após reunião com o governador do Amazonas, Wilson Lima (União Brasil) e vários ministros de Estado, entre eles Marina Silva (Meio Ambiente) , Rui Costa (Casa Civil), Renan Filho (Transportes) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social).

O pacote de recursos inclui R$ 35 milhões para o Corpo de Bombeiros amazonense; cerca de R$ 100 milhões para a dragagem dos rios e R$ 232 milhões do Ministério da Saúde para a rede local. Além disso, o Ministério do Desenvolvimento Social, de Wellington Dias, prometeu liberar cerca de R$ 61 milhões para os municípios atingidos. A União também concordou em antecipar os pagamentos de R$ 100 milhões em emendas parlamentares para o Estado.

Tabatinga

No fim de outubro, há a previsão para Zé Vaqueiro retornar para o Amazonas, desta vez, para um dos municípios que já estava em situação de emergência devido à estiagem, Tabatinga (a 1.106 quilômetros de Manaus).

Contudo, a realidade da população não fez com que o prefeito Saul Nunes Bemerguy (MDB) deixasse de contratar o cantor Zé Vaqueiro por R$ 500 mil e a cantora Márcia Fellipe por R$ 250 mil como as atrações do IX Festisol, previsto para acontecer no dia 30 de outubro.

Parintins

Um dia após o show em Manacapuru, o cantor deve seguir para a Ilha da Fantasia, Parintins, no dia 15 de outubro para ser a atração principal do aniversário de 171 anos do município. O anúncio foi feito informalmente no último sábado, dia 23, pelo prefeito da cidade, Frank Bi Garcia (UB).

A contratação ainda não foi divulgada no DOE dos municípios, mas com a média dos cachês dos últimos shows para outros municípios, espera-se que seja em torno de R$ 400 a R$ 500 mil. Caso o valor seja nessa faixa, o cantor vai ter ultrapassado o valor de R$ 1 milhão recebido pelas prefeituras dos municípios do Amazonas.

Alvarães e Rio Preto da Eva

No início do ano, enquanto o estado ainda não estava em situação de emergência, o cantor já veio ao Amazonas contratado para shows em Alvarães (a 531 quilômetros de Manaus), e Rio Preto da Eva (a 80 quilômetros da capital).

O aniversário de Rio Preto da Eva também teve a presença do cantor no dia 2 de abril. Porém, o valor da contratação de Zé Vaqueiro não foi divulgado.

Em Alvarães, o prefeito Lucenildo de Souza (PSC) contratou Zé Vaqueiro por um contrato sem licitação, e com isso, também não foi divulgado o valor do cachê do cantor.

Caso Alvarães e Rio Preto da Eva tenham pagado a mesma faixa que está sendo paga pelos prefeitos no mês de outubro, o cantor já teria, supostamente, recebido um valor superior a R$ 2 milhões pelos prefeitos do estado.

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