Política

Ex-assessora de Anielle é demitida

Marcelle Decothé da Silva foi demitida por postagem sobre ‘torcida branca’ do São Paulo ;Ela integra grupo de combate ao racismo da CBF e passou a compor em junho a iniciativa capitaneada pela Confederação Brasileira de Futebol

Ao anunciar a exoneração de Marcelle, o ministério disse reafirmar “seu compromisso inegociável com a promoção de direitos e com a igualdade étnico-racial, a partir de princípios como a transparência e o cuidado”- Foto:Instagram

Desde o fim de junho, Marcelle Decothé da Silva, exonerada nesta terça-feira do cargo de assessora especial de Assuntos Estratégicos do Ministério da Igualdade Racial, integra o Grupo de Trabalho de Combate ao Racismo e à Violência no Futebol, criado pela CBF no ano passado. No último domingo, durante a final da Copa do Brasil entre São Paulo e Flamengo, ela fez uma postagem nas redes sociais em que criticava os são-paulinos presentes no Morumbi: “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade”. Ainda usando a linguagem neutra, Marcelle complementou a mensagem com um comentário de cunho xenofóbico: “Pior, tudo de pauliste”.

A ex-assessora estava no estádio acompanhando a ministra de Igualdade Racial, Anielle Franco, que assinou na ocasião, junto ao Ministério do Esporte e a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), um protocolo de intenções referentes ao combate do racismo no esporte. Nesta terça, após a repercussão do caso, a pasta anunciou o desligamento de Marcelle, mas não fez menção ao posto que ela ocupava no grupo de trabalho liderado pela CBF.

A entrada de novos integrantes no grupo, entre eles dois representantes do Ministério da Igualdade Racial, foi anunciada no dia 27 de junho, no site da CBF. A iniciativa reúne 46 membros de 30 entidades diferentes e tem o objetivo de “discutir os aspectos legais e operacionais relacionado ao aprimoramento do marco regulatório, das políticas públicas e dos procedimentos desportivos, bem como da coordenação das ações pelos diferentes agentes, públicos e privados, envolvidos no enfrentamento do racismo e da violência no futebol”.

Ao anunciar a exoneração de Marcelle, o ministério disse reafirmar “seu compromisso inegociável com a promoção de direitos e com a igualdade étnico-racial, a partir de princípios como a transparência e o cuidado”. A pasta afirmou ter reerguido “a agenda de ações afirmativas e colocamos em prática medidas fundamentais de inclusão e valorização da população negra”, mas frisou que preza “pela boa conduta das servidoras e servidores que compõem o nosso quadro”.

“De acordo com esses princípios, e para evitar que atitudes não alinhadas a esse propósito interfiram no cumprimento de nossa missão institucional, informamos que Marcelle Decothé da Silva foi exonerada do cargo de Chefe da Assessoria Especial deste Ministério na data de hoje. As manifestações públicas da servidora em suas redes estão em evidente desacordo com as políticas e objetivos do MIR”, anunciou o ministério, acrescentando que o Comitê de Integridade, Transparência, Ética e Responsabilização da pasta “vai investigar o caso e atuar para prevenir ocorrências que contrariem os princípios norteadores da missão” do órgão.

Quem é

Exonerada nesta terça-feira, Marcelle, de 29 anos, atuava no Ministério da Igualdade Racial desde fevereiro. O último salário da então servidora, pago em julho, foi de R$ 17,1 mil. Embora atuasse na pasta comandada por Anielle como “chefe de assessoria especial”, no Portal da Transparência ela aparecia lotada no Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania.

Antes, ela trabalhou como gestora de programas por quase quatro anos no Instituto Marielle Franco, que leva o nome da irmã da ministra, vereadora assassinada no Rio em 2018. Ela também é cofundadora da iniciativa Pipa, que busca atrair investimentos privados para coletivos e movimentos baseados em favelas e periferias.

Marcelle foi ainda assessora parlamentar na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), no gabinete da deputada estadual Mônica Francisco (PSOL), entre 2019 e 2020, até migrar para o Instituto Marielle Franco. Mônica Francisco, antes de lançar uma candidatura própria, atuou como assessora da vereadora assassinada na Câmara do Rio.

A ex-servidora do Ministério da Igualdade Racial é formada em Defesa e Gestão Estratégica Internacional pela UFRJ, onde também concluiu o mestrado em Políticas Públicas em Direitos Humanos. Atualmente, ela cursa doutorado na UFF, na área de Sociologia.

No currículo de Marcelle, que estava disponível para consulta na página do ministério, mas já foi excluído, ela conta que “nos últimos anos vem desenvolvendo pesquisa, trabalho e ativismo nos temas de raça, favela, mulheres negras, direitos humanos e justiça social”. Em outro trecho, a ex-funcionária da pasta afirma ter experiência em “mobilização e campanhas em temas relacionados à raça, gênero e segurança pública e gestão de projetos e captação de recurso”

Para ler a matéria completa acesse o Globo no link abaixo:

https://oglobo.globo.com/politica/noticia/2023/09/26/ex-assessora-de-anielle-que-postou-sobre-torcida-branca-do-sao-paulo-integra-grupo-de-combate-ao-racismo-da-cbf.ghtml

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