Prefeito de São Gabriel critica atuação de ONGs na região
Em entrevista para a coluna Sim e Não, de a Crítica, Clóvis Corubão (PT) acusou organizações não governamentais de “tutelarem” e imporem uma “ditadura”,sem contudo explicitar de forma clara a acusação
Prefeito de São Gabriel da Cachoeira (AM), Clóvis Corubão (PT) acusou organizações não governamentais de “tutelarem” e imporem uma “ditadura” no município amazonense considerado o mais indígena do Brasil.
Questionado pelos entrevistadores sobre o que pensa a respeito da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que está em andamento no Senado e investiga a atuação dessas organizações na Amazônia,Corubão iniciou a resposta afirmando que antes a atuação mais forte no município era de padres até que houve denúncias de escravidão praticada por membros da igreja contra os povos indígenas da região.
“Depois veio a demarcação das terras indígenas e a maior parte desse recurso veio do internacional, onde o ISA [Instituto Socioambiental], ele que é o chefe do movimento indígena, injetou, e o governo federal [também injetou] uma parcela”, disse.
“Hoje a nossa área está demarcada, graças a Deus. Não tem garimpo, a preservação está intacta e hoje eles [ONGs] ficam preservando, tutelando o povo como uma ditadura e o povo fica nos bastidores se explodindo, querendo uma melhoria e eles não deixam se soltar”, critica.
Perguntado sobre quais melhorias exatamente as organizações impedem, o prefeito não citou casos específicos e buscou reforçar o argumento de ‘tutela’ por parte das ONGs.
“Eles têm seus soldados, os que decidem tudo sobre a vida dos povos indígenas. Não é o povo que decide o que quer. São eles que levantam o crachá e está decidido”, disse.
Mineração
Defensor da mineração em terra indígena e orgulhoso do passado como garimpeiro, o prefeito petista é criticado pela principal entidade da região, a Federação das Organizações Indígenas do Rio Negro (Foirn), parceira do ISA.
Na entrevista, Corubão afirmou que deixou a pauta do garimpo de lado para se alinhar ao presidente Lula (PT), um crítico da atividade ilegal, embora ainda defenda o que chama de ‘pequena mineração sustentável’.
“Em São Gabriel da Cachoeira não existe garimpo, desmatamento, o ambiente é intacto. E hoje, com o novo governo do presidente Lula, eu respeito, a hierarquia é maior, hoje é cuidar do meio ambiente, do bem viver, da floresta, do nosso povo e um dia isso vai acontecer [mineração em terra indígena]”, disse.
Ele negou que tenha levado a pauta ao Grupo de Trabalho (GT) dos Povos Indígenas, criado na transição do governo Lula. “Eu levei meus pedidos que o povo precisa, como água, energia, luz, tudo”, afirmou o gestor.
Ele voltou a dizer que a ministra dos Povos Indígenas, Sônia Guajajara, o mandou calar a boca em uma das reuniões. “Outro dia ela falou ‘prefeito, você defende o garimpo e você está levando a conversa no Ministério de Minas e Energia’ e falei que minha pauta era outra coisa”.
Para assistir a entrevista completa acesse o link abaixo: