Política

MP quer Deltan investigado por suposto acordo sigiloso com EUA

Subprocurador-geral fala em histórico de ‘má atuação dos componentes’ da Lava Jato em representação

Deputado federal Deltan Dallagnol (Pode-PR) teve registro cassado dois meses e meio depois de ter tomado posse – Foto: Lula Marques/Agência Brasil

O Ministério Público junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) enviou uma representação à corte pedindo que sejam apurados supostos indícios de irregularidades praticadas pelo ex-procurador e ex-deputado federal Deltan Dallagnol durante uma negociação com autoridades dos EUA, à época da Operação Lava Jato.

Deltan teria negociado com os norte-americanos, em sigilo, um acordo para dividir o dinheiro que seria cobrado da Petrobras em multas e penalidades por causa de episódios de corrupção, de acordo com reportagem publicada pelo UOL. As tratativas teriam ocorrido à revelia da Controladoria-Geral da União (CGU), que seria o órgão competente para lidar com o destino da verba.

Na representação ao TCU, o subprocurador-geral Lucas Rocha Furtado afirma haver indícios de que o governo brasileiro foi afastado das negociações e diz que o caso seria mais uma evidência de que o TCU deve atuar “ante o histórico da má atuação dos componentes da Operação Lava Jato”.

“Não é de hoje que me causa surpresa as indevidas ingerências que procuradores da Lava Jato realizaram na operação”, afirma o subprocurador-geral.

Deltan nega qualquer irregularidade. “Todo dia uma nova matéria mentirosa, deturpada, medíocre e preguiçosa, feita sem apuração por jornalistas que usam supostas mensagens sem qualquer critério ético e fechando os olhos para a prática de crimes”, afirmou, por meio de suas redes sociais.

Além do pedido de investigação pela corte de contas, Furtado destaca a vultosa multa de US$ 853 milhões paga pela Petrobras, em acordo com o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, e sugere que a tratativa também deve ser revista pelo Judiciário dos EUA.

“Não é possível aceitar que gestores públicos atuem de forma orientativa visando driblar entendimentos jurídicos de nosso país, tampouco se valer de artifícios para se esquivar pessoalmente de sanções aplicadas”, diz.

O subprocurador-geral ainda pede que um cópia de sua representação seja enviada à Organização dos Estados Americanos (OEA) para a adoção de providências e dada “a necessidade de diálogo político e cooperação com a Justiça norte americana” para investigar as supostas irregularidades.

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