Febraban diz que bancos vão negar crédito a frigorífico que compra gado de área desmatada
Decisão vale para fornecedores diretos e indiretos e integra protocolo de autorregulação da federação de bancos para a cadeia de carne bovina contra o desmatamento ilegal na Amazônia
Os bancos brasileiros só poderão conceder crédito para frigoríficos e matadouros que comprovarem que não compram gado de abate proveniente de áreas de desmatamento ilegal da Amazônia e do Maranhão.
A decisão vale para fornecedores diretos e indiretos e faz parte de um protocolo c – omum de autorregulação para a cadeia de carne bovina, aprovado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban) para combater o desmatamento na região.
A norma de sustentabilidade será lançada hoje, segundo antecipou ao Estadão o presidente da Febraban, Isaac Sidney. É a primeira vez que há um protocolo detalhado para um setor específico da economia, como frigoríficos e matadouros.
Até agora, 21 bancos assinaram o protocolo, entre eles os maiores do País: Itaú Unibanco, Banco do Brasil, Bradesco, Santander e Caixa Econômica Federal (mais informações na pág. B2).
As instituições financeiras que já aderiram à autorregulação terão de exigir dos seus clientes a implementação de um sistema de rastreabilidade e monitoramento até dezembro de 2025. Ou seja, só terá empréstimos desses 21 bancos quem cumprir a exigência.
A pecuária é hoje a principal atividade rural associada ao desmatamento, e o Brasil, o maior exportador mundial de carne. Esse quadro levou o setor a ser um dos maiores alvos da pressão internacional para forçar que a cadeia de produção de carne não seja sustentada economicamente por fazendeiros que atuam fora da lei.
“Como um setor estratégico, os bancos não poderiam ficar inertes e apenas acompanhar a distância um tema crucial para esta e as próximas gerações”, diz o presidente da Febraban.
Segundo ele, as instituições financeiras não ficaram de braços cruzados nem serão omissas. “Nos sentimos, inclusive, com legitimidade para criticar e reivindicar medidas concretas para o Brasil ser protagonista da agenda verde”, afirma Sidney. •
É a primeira vez que as instituições elaboram um conjunto de regras para um setor da economia.