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PGR pediu e o STF aceitou incluir Bolsonaro no inquérito dos ataques golpistas em Brasília

Publicação em pagina de Jaiir Bolsonaro no Facebook em 28 de outubro de 2022  

A Procuradoria-Geral da República (PGR), pediu e o Supremo Tribunal Federal aceitou incluir o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) no inquérito que apura a instigação e autoria intelectual dos ataques golpistas que resultaram na depredação da sede dos três Poderes, em Brasília no dia 07/1.

Após 80 integrantes do Ministério Público Federal pedirem ao procurador-geral da República, Augusto Aras, a inclusão para investigação de Bolsonaro foi decidida pelo ministro Alexandre de Moraes.

Os procuradores entenderam que o ex-presidente é suspeito de ter cometido este crime após ter postado no Facebook, na terça-feira (10), um vídeo questionando a regularidade das eleições e apagado depois.

O vídeo compartilhado por Bolsonaro mostra o trecho de uma entrevista do procurador Felipe Gimenez, do Estado de Mato Grosso do Sul, em que ele defende que a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva foi fraudada e que o voto eletrônico não é confiável.

“Ao longo dos últimos anos, Jair Messias Bolsonaro se comportou de forma convergente com amplas campanhas de desinformação envolvendo o funcionamento das instituições brasileiras e as eleições do país”, diz o texto dos procuradores.

Para os procuradores, Bolsonaro “ocupou o mais alto cargo do país”, tem “posição de destaque na câmara de eco desinformativo” e contribuiu “para que a confiança de boa parte da população na integridade cívica brasileira fosse minada”. “É à luz desse contexto que deve ser interpretada a postagem”, afirmam.

Frederick Wassef, advogado da família Bolsonaro, disse em nota nesta sexta-feira que o ex-presidente sempre foi um defensor da Constituição e da democracia.

“Em todo o seu governo sempre atuou dentro das quatro linhas da Constituição. O presidente Jair Bolsonaro repudia veementemente os atos de vandalismo e depredação do patrimônio público cometidos pelos infiltrados na manifestação, e ele jamais teve qualquer relação ou participação nestes movimentos sociais espontâneos realizados pela população”, diz o texto.

No vídeo publicado —e posteriormente apagado— por Bolsonaro, um homem identificado como Dr. Felipe Gimenez ataca a segurança das urnas eletrônicas. A publicação traz ainda as frases “Lula não foi eleito pelo povo. Ele foi escolhido e eleito pelo STF e TSE [Tribunal Superior Eleitoral]”.

O pedido ao Supremo não é assinado por Augusto Aras, mas pelo subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, coordenador do Grupo Estratégico de Combate aos Atos Antidemocráticos, montado após os ataques do último dia 8.

Carlos Frederico também pediu que seja determinado à Meta (dona do Facebook) a preservação do vídeo apagado e os metadados referentes à postagem, como data e IP, para “melhor auferir sua autoria”. Também quer saber informações a respeito do alcance do vídeo, como o número de compartilhamentos e comentários.

O ministro Alexandre de Moraes acolheu as solicitações. Autorizou que a PGR ouça especialistas em monitoramento de grupos de apoiadores de Bolsonaro e grupos extremistas para medir o alcance do vídeo.

O ministro do Supremo também disse que o pedido de interrogatório de Bolsonaro será apreciado posteriormente, visto que o ex-presidente está no exterior.

Na decisão, Moraes destaca que Bolsonaro “reiteradamente, incorre nas mesmas condutas ora investigadas”, que são apuradas em diferentes inquéritos no STF, e que elas podem ter contribuído para os ataques golpistas contra as sedes dos três Poderes.

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