Nas Entrelinhas

Indigenista e jornalista inglês estão desaparecidos no Amazonas

O jornalista inglês Dom Phillips, colaborador do jornal The Guardian (à esquerda), e o indigenista brasileiro Bruno Araújo Pereira (à direita) – Daniel Marenco/Agência O Globo e @domphillips no Twitter

O MPF (Ministério Público Federal) instaurou nesta segunda-feira (6) um procedimento administrativo para apurar o desaparecimento do indigenista Bruno Araújo Pereira, da Funai (Fundação Nacional do Índio), e do jornalista Dom Phillips, correspondente do jornal britânico The Guardian, na Amazônia (AM).

Segundo o jornal Valor Econômico, em nota, o MPF disse ter acionado a Polícia Federal (PF), a Polícia Civil, a Força Nacional, a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari e a Marinha para que atuem no caso. A Marinha confirmou que, por meio do Comando de Operações Navais, conduzirá as atividades de busca na região.

“O MPF seguirá intermediando as ações de buscas e mobilizando as forças pra assegurar a atuação integrada e articulada das autoridades, visando solucionar o caso o mais rápido possível”, disse o órgão.

Dom Phillips é um jornalista britânico que vive no Brasil desde 2007 e está desaparecido, junto com o indigenista Bruno Araújo Pereira

Segundo o jornal Valor Econômico, em nota, o MPF disse ter acionado a Polícia Federal (PF), a Polícia Civil, a Força Nacional, a Frente de Proteção Etnoambiental Vale do Javari e a Marinha para que atuem no caso. A Marinha confirmou que, por meio do Comando de Operações Navais, conduzirá as atividades de busca na região.

Entenda o caso

Bruno e Dom Phillips não são vistos desde domingo (5). Eles faziam o caminho entre a comunidade Ribeirinha São Rafael e a cidade de Atalaia do Norte, no estado do Amazonas, e desapareceram.

A informação foi confirmada pela União das Organizações Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e pelo Observatório dos Direitos Humanos dos Povos Isolados e de Recente Contato. Em nota, as entidades informaram que ambos estão desaparecidos há mais de 24 horas.

Ambos chegaram ao local em 3 de junho, por volta das 19h25, e no dia 5 voltavam para Atalaia do Norte, com uma parada da comunidade São Rafael, previamente agendada.

“Pelo que constam nas informações trocadas, via Dispositivo de Comunicação Satelital SPOT, eles chegaram na comunidade São Rafael por volta das 06:00h (…), e depois partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem de aproximadamente duas horas.” Os dois deveriam ter chegado entre 8h e 9h, o que não aconteceu.

Segundo informações do jornal O Globo, Bruno Araújo Pereira era constantemente alvo de ameaças pelo trabalho na região, em especial contra invasores, como pescadores, garimpeiros e madeireiros.

Dom Phillips é britânico e trabalha como jornalista freelancer no Brasil desde 2007. Atualmente, é colaborador do jornal The Guardian.

Apelo a autoridades brasileiras

Paul Sherwood, cunhado do jornalista britânico Dom Phillips, usou as redes sociais para fazer um apelo a autoridades brasileiras para que intensifiquem as buscas por ele.

“Imploramos às autoridades brasileiras que enviem a Guarda Nacional, Polícia Federal e todos os poderes à sua disposição para encontrar nosso querido Dom”, escreveu Sherwood no Twitter.

“Tenho um filho de três anos e um de dois, só penso nesse momento que ele retorne bem, por causa dos meninos. Ele tem também uma filha de 16 anos. Ele precisa voltar para casa”, afirmou à Folha Beatriz de Almeida Matos, antropóloga e companheira de Bruno.

“Eu conheço bem a região, sei que podem acontecer vários acidentes, mas estou apreensiva por causa das ameaças que ele sofria. Quero que todo o esforço possível seja feito para encontrar ele e o Dom. É importante rapidez”, completa ela, que também atuou com povos indígenas na região por muitos anos.

Segundo a Univaja e o Opi, Bruno e Dom retornavam do Lago do Jaburu, onde visitaram uma base da Funai, em direção a Atalaia do Norte, e pararam em São Rafael para uma reunião com um morador conhecido como “Churrasco” —conversaram com a esposa dele, já que ele não se encontrava no local.

“Depois partiram rumo a Atalaia do Norte, viagem que dura aproximadamente duas horas. Assim, deveriam ter chegado por volta de 8h, 9h da manhã na cidade, o que não ocorreu”, diz um comunicado das instituições.

“Enfatizamos que na semana do desaparecimento, conforme relatos dos colaboradores da Univaja, a equipe recebeu ameaças em campo. A ameaça não foi a primeira, outras já vinham sendo feitas a demais membros da equipe técnica da Univaja”, continua a nota.

As buscas no local já começaram. Nesta segunda-feira (6), o procurador-geral da República, Augusto Aras, se reuniu com o ministro da Justiça, Anderson Gustavo Torres para tratar do assunto.

Estão sendo feitas “varreduras no trecho entre a comunidade São Rafael e o município de Atalaia do Norte (AM), onde teria ocorrido o desaparecimento”, diz nota da PGR.

Também nesta segunda houve uma reunião entre integrantes do MPF (Ministério Público Federal) do Amazonas, Ministério da Justiça, Polícia Federal, Polícia Civil, Funai, Univaja e Marinha para tratar dos detalhes logísticos da operação daqui em diante.

“Desde que tomou conhecimento, o MJSP [Ministério da Segurança e Segurança Pública] iniciou operações na região amazônica do Vale do Javari juntamente com a Marinha do Brasil”, afirmou a pasta nas redes sociais. O ministro Anderson Torres declarou, também nas redes, apoio às buscas.

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