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INDICADORES ECONÔMICOS

Trilha Amazônia Atlântica será inaugurada durante a COP30 com 486 quilômetros

Maior trilha inteiramente sinalizada na América Latina passa por 7 unidades de conservação e 6 territórios quilombolas

Ministério do Meio Ambiente prevê expandir a trilha até São Luis, passando pelos Lençóis Maranhenses

Uma trilha de 486 quilômetros inteiramente sinalizada pelas diferentes paisagens do Pará, que parte do centro histórico de Belém, percorre parques urbanos, estradas de terra e trechos de mata, atravessando sete unidades de conservação e seis territórios quilombolas. Esse é o resumo bem sucinto do que é a trilha Amazônia Atlântica, que será oficialmente inaugurada durante a COP30, em novembro próximo, na capital paraense, e que pretende chegar em breve até os Lençóis Maranhenses e à capital do Maranhão, São Luis.

O projeto, considerado a maior trilha 100% sinalizada na América Latina, está incluído no escopo do programa do MMA (Ministério do Meio Ambiente e da Mudança do Clima) que pretende “ligar o Oiapoque ao Chuí” por caminhos integrados à Rede Trilhas (Rede Nacional de Trilhas de Longo Curso e Conectividade), como conta à Folha Pedro Menezes, diretor do Departamento de Áreas Protegidas do MMA.

“A Rede Brasileira de Trilhas é pensada para ser de baixo para cima”, explica Menezes. “Primeiro a gente identifica o que já existe no terreno, seja pela internet, seja por grupos de caminhantes, ciclistas, caiaqueiros, ou pelo contato com as unidades de conservação que estão no terreno”, afirma.

A partir dessa identificação, a pasta visita as áreas para ver o que tem “de alta, média e baixa qualidade, o que precisa ser substituído, quais são as lacunas quando elas existem”. No caso da trilha paraense, Menezes lembra que foram quase três anos de trabalho até chegar ao traçado e à demarcação do percurso. “O objetivo era chegar até São Luis, mas não deu tempo, só que nada se perde pois a política pública continua e nesse objetivo de conectar do Oiapoque ao Chuí já temos 40% do que seria essa trilha inteira pronta, sinalizada e manejada”, explica.

Do lado paraense, o diretor da trilha Amazônia Atlântica, Julio Cesar Meyer ressalta que o estado já tinha a ideia de criar um modal de bicicleta para a rota turística que havia na região, mas que não tinha uma oferta de serviço adequada. “Do outro lado, estavam as comunidades tradicionais que ficavam nessa região e que viam os ciclistas passando e não sabiam como acessá-los para gerar renda local”, diz.

Meyer conta que “a partir da atividade recreativa que já existia por ali, se resolveu fazer uma trilha livre dentro da lógica de valorizar a natureza preservada e recuperar o que tínhamos perdido, criando um corredor ecológico”.

Essa preocupação explica, segundo Meyer, o fato de a trilha percorrer tantas áreas de preservação. “Hoje, ela conecta já 13 áreas protegidas, sendo 7 unidades de conservação e 6 territórios quilombolas”, define, ressaltando que “a grande motivação era melhorar a qualidade do ecoturismo, oferecer uma experiência melhor e gerar renda a essas comunidades, na maior parte das vezes invisibilizadas”

A Trilha Amazônia Atlântica tem início oficial no centro histórico de Belém, mais precisamente aos pés da Igreja da Sé, e o primeiro trecho segue até a Vila de Caraparu. A partir daí, o caminho vai em direção ao município de Castanhal, passando por seis territórios quilombolas. Em Taciateua, localizada em Santa Maria do Pará, continua pela estrada Belém-Bragança até em Capanema, de onde avança em direção a Nova Olinda, atravessando os campos naturais bragantinos. Segue depois para Augusto Corrêa, onde se inicia o trecho final rumo ao município de Viseu, revelando o mirante da Serra do Piriá, que oferece uma vista ampla da floresta amazônica.

A maior parte dos caminhos, segundo Meyer, é de chão batido ou de floresta e uns poucos trechos de asfalto, que apenas conectam diferentes percursos.

Menezes ressalta que, seguindo a filosofia da Rede Trilhas, não será permitido fazer o trajeto em qualquer tipo de veículo motorizado, apenas a pé, em bicicleta ou a cavalo. Como as distâncias entre os trechos são variáveis, entre 30 e 90 quilômetros, Meyer garante que é possível acampar ao longo de todo o percurso, mesmo que não dê tempo de o trilheiro que for a pé conseguir chegar aos muitos pontos de pouso.

Por meio do aplicativo eTrilhas e no site Visite Pará Meyer conta que será possível encontrar detalhes sobre cada trecho, como o nível de exposição ao sol, as características do bioma, informações sobre hospedagem, pontos de alimentação e serviços como assistência técnica para ciclistas.

Questionado sobre eventuais problemas de contaminação das águas, ante as frequentes notícias de invasão de garimpos ilegais no estado, ele afirma que o percurso foi desenvolvido de forma a fugir das áreas mais visadas pela atividade clandestina.

“Há disponibilidade de água nas comunidades e vários pontos de igarapés para banho e abastecimento, que estão mapeados nos trechos mais longos”, diz Meyer. Claro que, como todo trilheiro sabe bem, sempre é bom levar uma quantidade de água que atenda a previsibilidade de hidratação necessária a uma zona de calor e umidade intensos como a amazônica. Filtros e produtos para purificação de água são essenciais em qualquer jornada. “Sempre haverá uns trechos onde a qualidade da água pode ser menor por vários motivos”, indica Meyer, “mas isso será informado pelos aplicativos, para que as pessoas se preparem”.

A matéria original é da Folha de São Paulo online e pode ser acessada pelo link a seguir:

https://www1.folha.uol.com.br/blogs/e-logo-ali/2025/10/trilha-amazonia-atlantica-sera-inaugurada-durante-a-cop-30-com-486-quilometros.shtml
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