Sem tocar na bola, Textor é figura central de um Botafogo que volta a ser glorioso
Empresário que controla SAF alvinegra citou até Deus ao dizer que foi escolhido para mostrar ao mundo como clube é especial
Futuramente, quando torcedores do Botafogo relatarem a conquista da sua primeira Copa Libertadores, obtida neste sábado (30) diante do Atlético-MG, além de citar e enaltecer jogadores como Luiz Henrique, Almada, Savarino e Igor Jesus, proferirão este nome: John Textor.
Ele não fez gols nem os evitou, não deu passes decisivos, não tocou na bola em nenhum jogo.
Mas é personagem central, desde o começo de 2022, do clube carioca, que no ano anterior disputara a segunda divisão do Campeonato Brasileiro e acumulava dívida superior a R$ 850 milhões.
Textor, 59, é o manda-chuva do Botafogo. Assumiu esse papel quando, depois de a agremiação adotar o modelo de SAF (Sociedade Anônima do Futebol), adquiriu 90% de suas ações. Não é o presidente do clube, cargo ocupado por Durcesio Mello, mas é quem manda no futebol.
Dono de uma fortuna que supera US$ 1 bilhão (perto de R$ 6 bilhões), o empresário norte-americano, que também controla o Lyon (da primeira divisão da França) e o Molenbeek (da segunda divisão da Bélgica), falou neste mês sobre a opção pelo time alvinegro.
Mencionou o passado de glórias –um dos apelidos do clube é Glorioso–, obtidas na maior parte nos anos 1960, na era de ídolos como Garrincha, Nilton Santos, Didi, Manga e Jairzinho.
“Eu olhei para outros clubes, mas aí vi a história deste clube. Pensei: ‘É a chance de trazer este clube de volta, de tentar devolver pelo menos uma parte da glória que os torcedores costumavam sentir’.”
E colocou até Deus no meio: “Temos que mostrar ao mundo como somos especiais, como clube e torcida. Sinto que fui escolhido para isso, que Deus me colocou neste momento”.
A ascensão veio acompanhada por investimento financeiro.
O contrato de compra da SAF do Botafogo estabelecia que Textor, cuja atuação empresarial é centrada nos ramos de tecnologia e entretenimento, precisaria investir no mínimo R$ 350 milhões no período de quatro anos. Até agora, o aporte superou os R$ 300 milhões.
O dinheiro permitiu a contratação neste ano do meia-atacante argentino Thiago Almada e do atacante Luiz Henrique, que estavam, respectivamente, nos Estados Unidos e na Espanha. O custo para trazer a jovem dupla (ambos têm 23 anos) passou de R$ 220 milhões.
Entre outros, chegaram ainda o volante Gregore, o meia-atacante Savarino e o atacante Matheus Martins. E, sem a necessidade de compra dos direitos, desembarcaram no Rio o meia Óscar Romero, o atacante Igor Jesus, o goleiro John, o lateral Alex Telles e o zagueiro Barboza.
Futebol é negócio, e Textor não esconde que pode vender alguns atletas de destaque, comprometendo-se, contudo, a repor as perdas com reforços.
O título do Botafogo na Libertadores faz de Textor a figura mais bem-sucedida quando se olha para o modelo de SAF no Brasil. São mais de 60 os clubes a adotá-lo –a paulistana Portuguesa é o mais recente.
A matéria completa é da Folha de São Paulo e pode ser acessada pelo link a seguir