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Caso Julieta Hernández tem segunda audiência nesta terça-feira no Fórum de Presidente Figueiredo

A família da artista venezuelana estuprada e morta em Presidente Figueiredo (AM) no ano passado, apela que o caso seja julgado como feminicídio.

A segunda audiência de instrução do caso está prevista para terça-feira (3.dez.24). A primeira audiência, em agosto, foi suspensa após a requisição de um documento citado durante a sessão.

A família da vítima requer a reclassificação do crime. O advogado da família, Carlos Nicodemos, afirma que o intuito do requerimento é que o crime seja julgado como feminicídio, e não latrocínio, como está registrado.

“Deste modo, ele não será mais um número entre os roubos seguidos de morte no estado. Será julgado como feminicídio, e vai levantar questões de violência de gênero e xenofobia no Amazonas”, afirma Nicodemos.

O caso foi registrado pelo MP do Amazonas como latrocínio.

Julieta Hernández foi morta enquanto viajava de bicicleta pelo Brasil, a caminho da Venezuela, seu país de origem. Ela desapareceu no dia 23 de dezembro de 2023, no município de Presidente Figueiredo, localizado a 117 quilômetros de Manaus. Seu corpo e partes da sua bicicleta foram encontrados em janeiro deste ano, após 14 dias desaparecida

No sábado (30.nov.24), a irmã de Julieta, Sofía Hernández, publicou um vídeo em suas redes sociais pedindo apoio ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva e a instituições que defendem os direitos das mulheres.

Nossa questão não é a maior pena, é a justa punição, com o contorno que o caso tem. É mais um caso de feminicídio e de xenofobia, da descriminação por ser uma mulher venezuelana. Ser tratado como roubo seguido de morte não descortina a bandeira de luta por turismo seguro para mulheres, descortina a questão de gênero e o preconceito contra venezuelanos no estado __Carlos Nicodemos, advogado da família de Julieta Hernández.

O caso de Julieta foi registrado na 37ª Delegacia Interativa de Polícia de Presidente Figueiredo, e quem assumiu a investigação foi o delegado Valdnei Silva.

Em janeiro deste ano, ele disse que a principal linha de investigação é que a artista teria sido estuprada e teve seu corpo queimado.

Os acusados são Thiago Angles da Silva e Deliomara dos Anjos Santos. Os dois viviam na pousada em que Julieta se hospedou durante sua passagem pela cidade, que fica a 150 quilômetros de Manaus.

Em seu primeiro depoimento, Deliomara reforça a tese do estupro, que não pôde ser confirmado na necrópsia devido à composição do cadáver. Uma semana depois do primeiro depoimento, entretanto, a acusada mudou de versão: disse que ateou fogo no corpo de Julieta por tê-la visto sentada no colo de Thiago.

Nicodemos alega que o delegado não prestou esclarecimentos aos parentes de Julieta, que teriam ficado sabendo de detalhes do crime pelas entrevistas que Valdnei deu a veículos de imprensa. É esta também uma das queixas de Sofía, irmã da vítima.

O delegado, diz preferir não comentar as acusações. “A família nunca falou comigo. Não houve boletim de ocorrência por parte de familiares junto à nossa delegacia. A gente tomou conhecimento do caso pelas redes sociais, e a partir do momento que soubemos do que estava acontecendo, nos dedicamos inteiramente à investigação”, afirma Valdnei.

Para a audiência de hoje (3.dez.24), a juíza do caso vai ouvir o delegado e outras testemunhas. Nesse mesmo dia, ela já pode definir se o caso vai ou não a júri popular.

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