Investigações da Polícia revelam que os crimes do professor de jiu jitsu ocorreram entre 2011 e 2018.
“As investigações apontam que ele teria abusado de meninos que são campeões mundiais de jiu-jítsu e os teria explorado sexualmente, oferecendo presentes e favores, comprando kimono, mediando passagens e estadias para disputa de campeonatos”, contou a delegada Deborah Ponce de Leão, adjunta da Depca
O professor está preso na cidade de Balneário Camboriú, em Santa Catarina, numa ação conjunta da Polícia Civil do Amazonas e a Polícia de Santa Catarina, enquanto participava de uma competição com crianças e adolescentes. Segundo a polícia, até agora pelo menos 12 vítimas já foram identificadas, e outras seis aguardam para prestar depoimento. As investigações revelaram que os crimes ocorreram entre 2011 e 2018.
Durante coletiva de imprensa realizada nesta segunda-feira (25/11), a delegada Deborah Ponce de Leão, adjunta da Depca, disse que no dia 12 de novembro, a Depca recebeu uma denúncia sobre o homem ter abusado sexualmente dos seus atletas, entre os anos de 2011 a 2018.
“As investigações apontam que ele teria abusado de meninos que são campeões mundiais de jiu-jítsu e os teria explorado sexualmente, oferecendo presentes e favores, comprando kimono, mediando passagens e estadias para disputa de campeonatos”, contou a delegada.
Segundo a delegada, os abusos sexuais eram praticados durante as estadias e na casa do investigado, onde ele as dopava para consumar os delitos. Em alguma das situações, o indivíduo dava banho nas vítimas, que já eram adolescentes, e aproveitava a ocasião para tocar em suas partes íntimas.
“Um dos atletas começou a ser abusado sexualmente em meados de 2018, quando tinha 9 anos. Diante de todos esses relatos, nós angariamos o indício da autoria, a materialidade, e representamos pela prisão temporária dele”, disse a delegada.
A delegada Deborah Ponce de Leão disse que a atitude da vítima era comum entre os demais, que tinham vergonha de contar o que estava acontecendo para os pais.
“Esses garotos, no primeiro momento, tinham um encantamento pelo autor, uma vez que ele é um professor renomado de jiu-jítsu, mas só depois de um tempo eles perceberam o que realmente estava acontecendo. As vítimas, inclusive, tinham vergonha de contar para os seus pais e esse foi um ponto que precisou ser alcançado pela equipe multidisciplinar”, mencionou a delegada.
A delegada reforçou que os pais e responsáveis precisam estar vigilantes em quem acompanha os seus filhos nos treinos e nos campeonatos, ou de preferência, que os acompanhem de perto a rotina dos atletas.
“Caso não seja possível acompanhá-los, é necessário, também, que os pais conversem e orientem os seus filhos para quando voltarem das viagens, que eles falem os detalhes do que aconteceu”, enfatizou a delegada.
Ainda conforme a delegada, a equipe de investigação teve acesso a mídias pornográficas envolvendo possíveis vítimas, mas os materiais estão em sigilo. Além disso, há a informação de que o indivíduo pretendia fugir para Dubai.
“Ele chegou a coagir algumas vítimas, às procurando para pedir perdão, e a uma delas, inclusive, o autor chegou a oferecer que ela fosse em seu lugar para a viagem para Dubai. O professor ainda entrou em contato com a mãe dessa vítima, como uma espécie de coação para que a situação fosse abafada”, explicou a delegada.
Procedimentos
O professor responderá por estupro de vulnerável e favorecimento sexual e está à disposição da Justiça, aguardando recambiamento para Manaus.
FOTO: Erlon Rodrigues/PC-AM