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Investir em uma linguagem acessível engaja jovens na busca por soluções ambientais sustentáveis, dizem especialistas

A ativista Alice Pataxó, a pesquisadora Luciana Gatti, e o empreendedor social Raull Santiago foram as atrações de um painel que discutiu como capacitar a geração Z para os desafios climáticos

Usar uma linguagem acessível e atraente é o segredo para atrair a atenção da juventude quando o assunto é meio ambiente. Essa foi a conclusão que chegaram a comunicadora indígena e ativista Alice Pataxó, a pesquisadora em gases de efeito estufa e mudanças climáticas na Amazônia Luciana Gatti, e o empreendedor social Raull Santiago. Eles foram as atrações de um painel que discutiu como capacitar jovens para os desafios climáticos e na busca por soluções sustentáveis.

De acordo com Gatti, parte desse pensamento crítico deve vir da academia, que, muitas vezes, não consegue simplificar termos técnicos para se fazer entender por toda a sociedade — do mais ao menos letrado.

Combate a fake news

A pesquisadora conta que essa percepção se potencializou na pandemia, quando informações falsas sobre a doença circulavam com mais velocidade do que aquelas baseadas na ciência.

— A ciência vive isolada no castelo dela, reproduzindo termos que só quem é da área entende. Mas nós estamos falando da nossa sobrevivência. Então, é uma obrigação moral os cientistas aprenderem a falar e a explicar o que está acontecendo de uma maneira que todo mundo entenda — diz.

A comunicação atraente e correta é importante porque especialmente a geração Z, altamente conectada à internet, está preocupada com o futuro do meio ambiente. Segundo a pesquisa “Tracking Sintonia com a Sociedade”, 7 a cada 10 jovens compreendem a gravidade das mudanças climáticas e do aquecimento global. Além disso, essas mudanças no clima não são apenas eventos “naturais” e, sim, consequências diretas das ações humanas no planeta para 81% dos brasileiros entre 18 e 24 anos.

Participação indígena

Alice Pataxó, por sua vez, pontuou que também é preciso saber dialogar tanto para públicos de dentro quanto para os de fora de aldeias, reforçando a consciência de preservar o meio ambiente. Citando a próxima Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas que será sediada no Brasil, em 2025, a COP30, a ativista defendeu ainda que as comunidades indígenas não podem ser deixadas de lado nas discussões do fórum internacional.

— A gente não quer ser excluído na próxima COP. É inadmissível que isso esteja acontecendo em um país em que os povos indígenas estão gritando há muito tempo por socorro e falando de problemas climáticos. Temos que ter atenção para não excluir as minorias — argumenta.

Do mesmo modo, Raull Santiago ressaltou a importância de falar sobre racismo ambiental e dar voz à população de periferias:

— (É muito urgente) contextualizar o racismo ambiental para fazer entender que a desigualdade do país constrói situações diversas e que pessoas já vivem essas emergências desde seu nascimento — afirma.

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